Lídia Jorge é a 30.ª distinguida com o principal prémio de literatura da Feira de Guadalajara e o segundo escritor português distinguido, depois de António Lobo Antunes, em 2008.
O galardão mexicano, anunciado pela professora universitária espanhola Anna Caballé, que fez parte do júri, junta-se ao Prémio Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro/2019 atribuído, em julho passado, à obra de Lídia Jorge.
A escritora portuguesa afirmou que “a literatura é um ato de resistência absolutamente indispensável”, em tempos de pandemia, e manifestou-se “muito feliz” por receber o Prémio de Literatura da Feira Internacional do Livro de Guadalajara.
Na mesma sessão de anúncio, realizada online pela feira, Lídia Jorge afirmou que este prémio literário – que distingue o conjunto da carreira – surge “num momento muito particular”.
“Um prémio como este diz: ‘Os teus livros valem alguma coisa para os leitores’ e dá um sentido à nossa vida pessoal. Em primeiro lugar, a literatura é uma grande alegria interior, íntima, e depois quando passa para a audiência, para as pessoas, para o público que a lê e ama, é um milagre”, afirmou Lídia Jorge.
A autora, nascida há 74 anos em Boliqueime, no Algarve, foi já distinguida outros galardões, como o Grande Prémio de Literatura dst (2019), o Prémio Vergílio Ferreira (2015), o Prémio Luso-Espanhol de Cultura (2014), o Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass (2006), o Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d'Escritas (2002), o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia (2000) e o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus (1998).
Em espanhol, a escritora tem editados os títulos "Notícia da Cidade Silvestre" (Alfaguara, 1990), "O Jardim sem Limites" (Alfaguara, 1995), "A Costa dos Murmúrios" (Alfaguara 2001), "O Vale da Paixão" (Seix Barral, 2001) e "Marido e Outros Contos" (Edicións Xerais de Galicia, 2005).
No ano passado, a autora publicou "Em Todos os Sentidos", no qual reuniu crónicas de reflexão quotidiana. Estas crónicas resultam de um convite feito pelo realizador de rádio João Almeida, diretor da Antena 2, em finais de 2018, para colaborar num programa seu, com este mesmo título.
Segundo a escritora "a crónica não constitui um género, é apenas uma espécie de homenagem ao deus que faz escorregar os grãos de areia, mirando de soslaio. Como não podemos vencer o Tempo, escrevemos textos que o desafiam a que chamamos crónicas".
No ano passado, ainda, o romance "O Estuátrio", de Lídia Jorge, venceu o XXIV Grande Prémio de Literatura atribuído pelo grupo empresarial DST. Esta obra foi finalista do Prémio Médicis.
Em 2018, Lídia Jorge editou o seu primeiro livro de poesia, "O Livro das Tréguas", uma seleção de 50 dos poemas que a autora escreveu e nunca tinha publicado.
Lídia Jorge estreou-se em 1989 com o romance "O Dia dos Prodígios".
Desde então tem publicado vários títulos nas áreas do romance, conto, ensaio e teatro.
Os escritores brasileiros Ruben Fonseca, premiado em 2003, e Nélida Piñon, em 1995, são os outros autores de língua portuguesa distinguidos com o principal prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, numa lista que também inclui a uruguaia Ida Vitale, o francês Emmanuel Carrère, os espanhóis Enrique Vila-Matas, Juan Marsé e Juan Goytisolo, o italiano Claudio Magris, o colombiano Fernando Vallejo e o peruano Alfredo Bryce Echenique, entre outros.
O prémio foi entregue pela primeira vez ao chileno Nicanor Parra, em 1991.
Lídia Jorge sucede ao mexicano David Huerta, premiado em 2019.
A Feira Internacional do Livro de Guadalajara, a segunda maior do mundo, no mercado livreiro, depois da feira de Frankfurt, na Alemanha, vai decorrer este ano de 28 de novembro a 06 de dezembro.
O prémio será entregue durante a realização da feira.
Portugal foi o país convidado da FIL de Guadalajara, na edição de 2018.
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