A partir de uma tradução anónima de literatura de cordel em que o nome de Molière é omisso, Luís Miguel Cintra escreveu o texto dramatúrgico e encenou a tetralogia protagonizada por D. João e seu criado Esganarelo, que já levou ao palco no Montijo, em Setúbal, Viseu e Guimarães.
Mais do que preparar um produto acabado, com esta peça gizada após o fecho da Cornucópia, Luís Miguel Cintra procurou também dar aos espetadores a oportunidade de participarem numa reflexão sobre a atividade e criação teatrais.
Assim, em cada local onde a peça foi representada, houve sessões abertas ao público, nas diversas fases de construção do espetáculo, com leituras, ensaios abertos e apresentações.
Daí que, como Luís Miguel Cintra explicou à Lusa, a construção da peça tenha implicado uma busca permanente pela libertação da linguagem cénica de quaisquer modelos previamente estabelecidos, assumindo diferentes formas de abordagem, de acordo com as características de cada espaço onde fosse apresentada.
A peça foi assim, também, segundo o autor da dramaturgia e encenação, “uma mistura de estilos, de registos, de referências culturais populares e eruditas, clássicas e contemporâneas”.
“Um projeto muito especial, que é o contrário de um projeto pronto a consumir”, acrescentou, referindo que a ideia foi sempre “mostrar às pessoas como é feito”.
O projeto conta agora com um apoio da Direção-Geral das Artes, mas “depende muito do entusiasmo de quem participa”, disse Cintra, que acrescentou que foi uma opção sua fazer “com tanta gente", esta peça, "pois podia fazer com muito menos gente”.
“A peça – explicou – é uma espécie de peregrinação de duas personagens com cenas avulsas que se vão confrontando com outras personagens, até à morte de D. João”.
Na versão integral do espetáculo que sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural Vila Flor, no dia 19, serão representados os dois primeiros blocos – “Na Estada (da vida)” e “O Mar (e de rosas)” -, enquanto no dia seguinte serão representadas a terceira e quarta partes – “As árvores (dos desgostos)” e “A escuridão ao fim da estrada”.
Após a estreia, em Guimarães, o espetáculo fará um percurso no sentido inverso ao da sua preparação, com representações marcadas para o Teatro Viriato, em Viseu, a 26 e 27 de janeiro, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, nos dias 23 e 24 de fevereiro, e no Cinema-Teatro Joaquim de Almeida, no Montijo, a 02 e 03 de março.
Os espetáculos nas quatro cidades realizam-se todos às 21:30.
Às cidades previstas inicialmente acresce Almada, em cujo Teatro Municipal Joaquim Benite a peça será representada a 10 de março, às 21:00, e a 11 de março, às 16:00.
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