A faceta política da 'rainha da pop' pode confirmar-se, por exemplo, numa canção que inclui um excerto de um discurso de Emma Gonzalez - sobrevivente de um massacre nos Estados Unidos que milita pela proibição das armas de fogo -, ou num videoclip que mostra o rapper transgénero Mykki Blanco caracterizado de Joana d'Arc na fogueira.
"Caminhei por esta Terra como negro, 'queer' e seropositivo, mas nenhuma transgressão contra mim foi tão potente como a esperança que carrego dentro", diz a frase de Mykki Blanco que fecha o vídeo de "Dark Ballet".
Quatro anos depois de "Rebel Heart", onde Madonna afirmava seu poder (com a faixa "Bitch, I'm Madonna"), a estrela que sempre lutou contra as discriminações não se cala num tempo marcado pelo auge dos extremismos. Daí o tom tenebroso de "Madame X", em cuja capa se vê uma Madonna morena e com os lábios costurados.
"Este ano, celebramos os 50 anos da Marcha do Orgulho Gay e espero que este tema ajude cada um a aceitar-se e a assumir-se como é", explicou a artista durante a promoção, falando da última canção do álbum, "I Rise".
A nível musical, Madonna recorre a sons mais leves para este disco inspirado na sua vida em Lisboa, onde está instalada com sua família desde 2017, para permitir que David, um dos seus quatro filhos adotados no Malawi, pudesse entrar na academia de futebol do Benfica.
"Aqui encontrei o meu povo e um mundo mágico de músicos incríveis, que reforçaram as minhas convicções de que a música é a alma universal, ligada através do mundo", explica a "Material Girl", que vendeu 300 milhões de discos em 35 anos de carreira.
Em "Madame X", Madonna multiplica as colaborações e os estilos musicais: reggaeton em "Medellin", o primeiro single do álbum com o cantor colombiano Maluma, hip-hop misturado com dancehall em "Future", em duo com o rapper norte-americano Quavo (do grupo Migos) ou uma versão de "Faz Gostoso", um sucesso em Portugal que canta com a brasileira Anitta, versão do tema de Blaya.
Gravado durante 18 meses entre Portugal, Londres, Nova Iorque e Los Angeles, "Madame X" marca uma nova colaboração, apenas em algumas faixas, entre Madonna e Mirwais, que produziu três dos seus álbuns, incluindo "Music" em 2000.
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