Segundo o painel de vendas Gfk, entre 30 de março e 5 de abril, venderam-se 82.856 livros, menos 124.707 livros do que na mesma semana de 2019, em que foram vendidos 207.563 livros.

Por canal de distribuição, verificou-se que houve menos 78% de vendas de livros em livrarias, que são o principal canal da venda a retalho, e menos 18% de vendas nos hipermercados.

Em termos de mercado total, esta quebra é da ordem dos 60,1%, face o período homólogo, o que se traduziu em perdas no valor de 1,7 milhões de euros: na mesma semana de 2019 entraram 2.613.489 euros, enquanto este ano entraram 934.522 euros.

Segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), estes números reforçam a tendência de queda que se tem vindo a verificar desde março, devido à covid-19, agravada na semana posterior à declaração do estado de emergência (23 a 29 de março), com o encerramento de todas as livrarias.

Ainda assim, nesta semana - em que se venderam 82,8 mil livros - registou-se uma ligeira melhoria, comparativamente às duas semanas anteriores, já que na semana que precedeu a declaração do estado de emergência foram vendidos perto de 70,4 mil livros e, na primeira semana de encerramento total de livrarias, o número de livros vendidos rondou os 64,5 mil.

No que respeita a valores, naquelas duas semanas, as receitas foram aproximadamente de 858,8 mil euros e 701 mil euros (na primeira semana de abril foram de 934,5 mil euros).

Em termos de perdas financeiras, quando comparadas estas três semanas com as mesmas semanas do ano passado, verifica-se que o mercado livreiro sofreu quebras que oscilam entre os 1,6 milhões e os 1,7 milhões de euros.

O setor do livro está a ser fortemente afetado pelas restrições impostas em consequência da pandemia causada pelo novo coronavírus, com livrarias e editoras a darem sinais de dificuldades de tesouraria, e algumas a admitirem que poderão não resistir à crise.

O grupo BertrandCírculo anunciou ter entrado em “lay-off” e estar a negociar a redução do valor das rendas das lojas ocupadas pelas livrarias.

Várias dezenas de livrarias independentes já tinham dado sinal da grave situação que atravessam e que as levou, no início do mês, a unirem-se para criar uma rede de cooperação com o objetivo de conjugar esforços para enfrentar a crise no setor, denominada RELI - Rede de Livrarias Independentes.

Além disso, também enviaram uma carta aberta aos órgãos de soberania, com um conjunto de propostas para os ajudar a sobreviver à crise, que passam por medidas de apoio à tesouraria e às rendas.

Antes disso, já as editoras tinham anunciado que suspendiam a produção de novidades e que se viravam para as vendas online, em alguns casos praticando descontos, para conseguirem sobreviver, face à crise no setor, que esvaziou e fechou as livrarias.

Este cenário passa-se um pouco por toda a Europa e na semana passada, antecedendo a reunião de ministros da Cultura da União Europeia, a federação europeia de editores escreveu uma carta a alertar para a "gravosa situação" do setor livreiro, e a solicitar apoio financeiro para aliviar os efeitos da crise.

Desta reunião não saíram medidas específicas para o mercado livreiro, mas sim a ideia de que alguns programas financeiros europeus para enfrentar a crise causada pela COVID-19 - como a iniciativa de investimento, orçada em 37 mil milhões de euros, e o instrumento de mitigação de desemprego, no valor de 100 mil milhões de euros - vão poder ser utilizados no setor cultural e criativo.

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