Organizado com o propósito de apoiar a entrada de ajuda humanitária na Venezuela e também o autoproclamado Presidente desse país, Juan Guaidó, o megaconcerto começou com a artista venezuelana Reyna, que provocou a histeria no público quando disse que o país “é muito mais do que o petróleo”.

Os espectadores gritavam “Liberdade” e “o Governo vai cair”, vestidos de branco e segurando bandeiras daquele país, reunidos em frente ao palco montado junto da fronteira de Tienditas, que está bloqueada pelo exército venezuelano há duas semanas.

“É fascinante ver estas milhares de pessoas aqui no concerto. Vai ser um dia mágico, para construir pontes de esperança”, disse o organizador britânico na conferência de imprensa.

O fundador da editora Virgin Records explicou que o evento, no qual são esperadas várias estrelas internacionais, tem o propósito de angariar doações através da Internet para comprar comida e medicamentos para os venezuelanos, devido à grave crise económica e graves carências que passam.

“Não estamos aqui para abrir um canal humanitário, mas porque amanhã seremos livres”, afirmou o cantor venezuelano Carlos Baute, exilado em Espanha, referindo-se à promessa de Juan Guaidó de que no sábado toda a ajuda humanitária entraria no seu país.

Além de cantores, o evento conta também com a presença do Presidente da Colômbia, Ivan Duque, e também dos homólogos do Chile, Sebastian Pinera, e do Paraguai, Mario Abdo, na sessão de encerramento.

“Este concerto é uma grande ajuda e este tipo de iniciativas é necessária para que o governo da Venezuela abra os olhos”, declarou à agência France Press Wendy Villamizar, uma venezuelana de 32 anos que assiste ao espetáculo.

Do outro lado da ponte que divide a Colômbia e Venezuela, as preparações para um concerto de três dias anunciado pelo governo de Nicolás Maduro prosseguiam, embora poucos dados tenham sido fornecidos sobre o mesmo. Esses locais estavam sob grande vigilância de soldados e nenhum espectador foi avistado pelos jornalistas da agência noticiosa France Presse.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já dezenas de mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes e no país residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.