Vencedor da primeira edição do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, atribuído por Portugal e Espanha, em 2006, José Bento foi, desde a década de 1950, um dos principais divulgadores de autores como Jorge Luis Borges, Garcia Lorca, Miguel de Unamuno, Santa Teresa de Ávila, San Juan de la Cruz ou Miguel de Cervantes, com a tradução das suas obras, e também um poeta premiado, autor de livros como "Sítios" e "Um Sossegado Silêncio".

Nascido em Pardilhó, Aveiro, a 17 de novembro de 1932, José Bento, fundador da revista literária Cassiopeia, nos anos de 1950, formou-se em Contabilidade, mas foi na escrita e na tradução que se notabilizou, com destaque para obras como "D. Quixote de La Mancha", obra fundadora do romance moderno, editado pela Relógio d'Agua, Grande Prémio de Tradução do PEN Clube Português.

Francisco Brines, Vicente Alexandre, Luís Cernuda, Pablo Neruda, Juan Ramón Jiménez, Ortega y Gasset, María Zambrano, Octavio Paz, Ignacio Martínez de Pisón, Calderón de la Barca, Garcilaso de La Vega, Francisco de Quevedo são alguns entre as dezenas e dezenas de autores traduzidos e divulgados em Portugal por José Bento.

O escritor organizou igualmente coletâneas premiadas de autores das letras hispânicas, como "Antologia da Poesia Espanhola do Siglo de Oro", "Antologia da Poesia Espanhola das Origens ao Século XIX" e "Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea".

Entre as suas mais recentes traduções editadas conta-se o clássico "Os Trabalhos de Persiles e Segismunda", de Cervantes.

Na sua obra literária, que remonta aos anos de 1970 com títulos como "Sequência de Bilbau", destacam-se "Adagietto", "Rimas" e "Alguns Motetos", além de "Um Sossegado Silêncio" e "Sítios", que recebeu o prémio Luís Miguel Nava 2013, e "Silabário", Prémio D. Dinis da Casa de Mateus 1992, que condensa a sua obra poética até ao início dos anos de 1990.

Em 1991 foi condecorado pelo rei Juan Carlos de Espanha com a Medalha de Ouro de Mérito das Belas Artes e, no ano seguinte, foi distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Mário Soares.

José Bento, que o meio editorial português colocou entre os seus melhores tradutores, recebeu o Prémio PEN Clube de Tradução e o Grande Prémio Internacional de Tradução Literária, da Associação Portuguesa de Tradutores, o Prémio de Tradução Paulo Quintela, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, além do Prémio Cervantes de Tradução, atribuído pelo governo espanhol, pelo conjunto da sua atividade, como recordam as editoras Assírio & Alvim e Sistema Solar.

A Junta da Extremadura e a Associação de Escritores Extremenhos deram, em 2006, o nome de José Bento ao Prémio Hispano-Luso de Tradução.

A obra literária de José Bento encontra-se publicada, em anos mais recentes, pelas editoras Assírio & Alvim, Relógio d'Água e Sistema Solar.

Em 2006, quando lhe foi atribuído o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, o poeta e também tradutor espanhol Francisco Brines disse que José Bento tinha feito "a mais completa de tradução do espanhol para qualquer língua".

Na altura, o escritor José Saramago, que presidiu o júri da primeira edição deste prémio, destacou o amor de José Bento pelas Letras hispânicas, recordando tratar-se de "um homem discreto, tímido", que não gostava de aparecer em público.

"Os autores que traduzi - disse quando recebeu o prémio - nada me devem e eu, sem dúvida, devo-lhes muito".

"Um só espaço em verdade me pertence - meu berço, meu texto, meu legado: a casa que é a mãe e viverá", escreveu José Bento em "Este é um dos lugares". "Lá estou e serei: sou as paredes, a escuridão que a procura (...). Batei à porta, chamai do seu jardim devastado até não me ser senão lembrança: lá dentro, responderei, embora aqui, desde sempre à espera de ninguém".

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