Trata-se de uma iniciativa da Associação Casa Daniel para, em tempos de confinamento, assinalar os 50 anos do nascimento daquele que José Tolentino Mendonça classificou como “um dos mais importantes poetas portugueses nascidos no século XX”, cabendo “ao século XXI a tarefa de descobri-lo.”

Daniel Faria (1971-1999) foi um teólogo e poeta português, que morreu aos 28 anos, na sequência de um acidente, tendo deixado uma obra poética por muitos considerada extraordinária.

Nos 50 anos do seu nascimento, que se assinalam no dia 10 de abril, “a estética em Daniel Faria” vai ser analisada através de leituras da obra feitas a partir do olhar das artes, num programa transmitido de Marco de Canaveses.

Hermínio Pinto, licenciado em Teologia, pároco da Paróquia de Fornos (Igreja de Santa Maria – Marco de Canaveses) e vigário da Vara de Marco de Canaveses, abre a programação, que começa, às 10:30, com a conferência “Entre o imaterial e o sensível em arquitetura na poesia de Daniel Faria”, pelo arquiteto, investigador e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto Luís Viegas.

O segundo painel, às 12h00, vai estar a cargo do diretor artístico da Seiva Trupe, Castro Guedes, que vai debruçar-se sobre o tema “Quando o teatro é um carrossel à volta da palavra: a teia cénica na poesia de Daniel Faria”.

Já da parte da tarde, às 15h30, Henrique Pereira, especialista em cultura, docente universitário e membro do conselho científico da Cátedra Poesia e Transcendência, vai proferir uma palestra cujo tema é “Anjo ferido na raiz”.

Segue-se, às 17h00, a conferência “Ocultar a escrita para revelar o escrito. O texto-imagem em Daniel Faria”, a cargo de Samuel Silva, mestre em Artes Plásticas e doutorando em Arte e Design pela Universidade do Porto.

A encerrar o dia, pelas 18h30, a poesia de Daniel Faria vai ser “dita e cantada” através de uma “performance palavra/música” desempenhada pela Apuro – Associação Cultural Filantrópica.

A seguir ao jantar, às 21h30, será apresentado um espetáculo teatral por um grupo de jovens da Seiva Trupe, construído a partir da poesia do autor, com guião e direção de Castro Guedes.

Ao longo de todo o dia, entre os painéis de intervenções, haverá lugar para diálogos com os participantes e testemunhos em redor de Daniel Faria.

Apesar de este ser o dia principal, as comemorações do 50.º aniversário de Daniel Faria vão estender-se ao longo do ano, estando previsto, para dia 12 de junho, um colóquio subordinado ao tema “Daniel, nome de poeta”, na Igreja Santa Maria, em Marco de Canaveses.

Entre 10 e 12 de setembro, realiza-se uma Residência Artística de Pintura, “A Casa do Daniel”, na Casa Daniel, no Tabuaço sob orientação do atelier do pintor Alberto Péssimo.

No dia 04 de outubro está prevista a organização de uma tertúlia, sob o tema “A poesia de Daniel Faria a partir da Estética”, no Círculo de Belas Artes de Madrid, e no dia 01 de dezembro inaugura-se uma exposição resultante da residência “A Casa do Daniel”, em Paredes, acompanhada da apresentação do livro de atas dos colóquios.

Segundo a Associação Casa Daniel, a programação tem por intenção levar a poesia de Daniel Faria junto de novos leitores e trazer ao público novas perspetivas sobre a sua arte poética, como seja a dimensão estética.

Daniel Faria nasceu em Baltar, Paredes, a 10 de abril de 1971.

Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, no Porto, tendo defendido a tese de licenciatura em 1996.

No seminário e na Faculdade de Teologia criou gosto por entender a poesia e dialogar com a expressão contemporânea, acabando por se licenciar também em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Durante esse período (1994-1998), a opção monástica criava solidez, e a partir de 1990, e durante vários anos, esteve ligado à paróquia de Santa Marinha de Fornos, em Marco de Canaveses, demonstrando potencial de sensibilidade criativa encenando, com poucos recursos, “As Artimanhas de Scapan” e o "Auto da Barca do Inferno".

Morreu a 09 de junho de 1999, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga, na sequência de uma queda, que lhe causou um traumatismo craniano e posteriormente a morte.

Entre a sua obra publicada contam-se os títulos “Explicação das árvores e de outros animais”, “Dos líquidos”, “Poesia – Daniel Faria” e “O livro do Joaquim”, editados pela Fundação Manuel Leão, pela Quasi Edições, e pela Assírio e Alvim.