Intitulada "A exposição 'Trash – Lixo de Artista'", explora as potencialidades criativas de reinvenção da pintura, e é hoje inaugurada às 19:00, ficando patente até ao próximo dia 6 de outubro.

Numa visita guiada para a imprensa, a curadora da mostra, Sandra Vieira Jürgens, e a diretora do museu, Rita Lougares, sublinharam a importância do trabalho deste artista português que este ano celebra os seus 50 anos de carreira.

"Vários trabalhos foram feitos expressamente para esta exposição, e continuam a revelar uma carreira muito consistente, uma obra singular, com ironia, baseada na ideia de que não há uma, mas muitas realidades", comentou Rita Lougares.

Na primeira sala da exposição, o artista - que não pôde estar presente na visita - colocou novas obras que deixam o espaço convencional e, em vez de estarem penduradas nas paredes, estão encostadas e misturam-se com objetos do quotidiano.

"Em Pires Vieira há um lado performativo que acompanha o seu eterno questionamento da pintura. Mas nunca se afastou de referências como Monet ou Van Gogh, entre outros artistas", comentou Sandra Vieira Jürgens, apontando que, em muitas das novas obras, há referências que são homenagens àqueles artistas.

O artista, atualmente com 69 anos, cuja obra pictórica foi marcada pela representação da paisagem, também criou peças monocromáticas - onde a paisagem se esconde - ou instalações como "Sem título", proveniente da Fundação de Serralves, de 1975, que aborda a prisão de cidadãos bascos, vítimas do ditador Francisco Franco.

Ao todo, "Trash – Lixo de Artista" reúne 19 peças, e apenas cinco foram retiradas do seu anterior percurso, enquanto as restantes foram criadas nos últimos seis meses, nomeadamente uma grande tela, na qual, depois de ter pintado uma paisagem, usou uma bola de basquete com tinta para concluir o trabalho.

Sobre o título da exposição, a curadora explicou que tem a ver com "a visão desassombrada" do que é a obra de um artista: "Não dar demasiada seriedade à produção artística, essa é a postura de Pires Vieira", nascido no Porto, em 1950.

"Ele é obsessivo, inconformista e gosta da serialização", descreveu Sandra Vieira Jürgens sobre a personalidade do artista e de como se traduziu na obra.

Nesta exposição, Pires Vieira "mostra o seu lado escultórico, e performativo, com a ocupação do espaço, numa utilização do campo expandido da pintura".

Objeto de pesquisa conceptual e plástica, “a abertura de sentidos e de possibilidades para a renovação da pintura” continua a ser o tema central da carreira artística de Pires Vieira, iniciada no final dos anos sessenta.