Os Sex Pistols duraram apenas três anos, mas a sua influência na música continua viva. A anarquia, criatividade e a irreverência da banda marcaram o final dos anos 1970 e a curta mas intensa história de Johnny Rotten (John Lydon), Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock chega agora ao pequeno ecrã pelas mãos de Craig Pearce e Danny Boyle.

A minissérie da FX, que se estreia a 17 de agosto em Portugal, no Disney+, acompanha a emocionante ascensão e queda do grupo britânico e é baseada na biografia "Lonely Boy: Tales from a Sex Pistol", do guitarrista Steve Jones, um dos fundadores dos Sex Pistols. Os seis episódios debruçam-se sobre o movimento punk em Londres e o contexto político-social em que nasceu a banda.

"Criei a ideia, mas não me considero o criador. É uma colaboração com muito trabalho com o incrível Danny Boyle, uma equipa incrível de produção, com a Kave Quinn [design], com o incrível diretor de fotografia Anthony Dod Mantle e com um extraordinário grupo de atores. É divertido ver a produção a crescer porque começa por ti próprio, essencialmente - refiro-me à produção porque comecei a trabalhar nela só porque o Gail Lyon me trouxe o livro. Ouvi o audiolivro com a voz do Steve Jones e adorei a sua personagem e fiquei ciente da importância do punk", sublinha Craig Pearce em conversa com o SAPO Mag em conferência de imprensa virtual.

Depois de escrever um esboço da série, o argumentista enviou o guião a Danny Boyle, realizador que conta no currículo com filmes emblemáticos do cinema britânico dos últimos 30 anos como "Pequenos Crimes Entre Amigos" (1994), "Trainspotting" (1996), "28 Dias Depois" (2002), "Quem Quer Ser Bilionário?" (2008), "127 Horas" (2010) ou "Steve Jobs" (2015)."O Danny leu o guião e foi aí que tudo começou a crescer", lembra o criador da série.

"É muito divertido quando se está na sala de ensaios com os atores porque tudo começa a ganhar vida e começamos a ver o que eles trazem. Vemos a sua energia, a sua paixão, o seu empenho e as suas ideias. Não sei se sabem isto, mas tínhamos um acampamento de bandas onde ensinávamos os atores a tocar bem... eu não, mas tínhamos músicos incríveis que ensinavam os atores a tocar os seus instrumentos, a cantar, a mexerem-se como John Lydon, no caso de Anson Boon. Toda a música que se vê na série é tocada ao vivo pelos atores", revela Craig Pearce em conversa com os jornalistas.

Até ver luz verde, a produção de "Pistol" esteve envolta em polémica em 2021, por causa de uma batalha legal entre os músicos da banda sobre a utilização das canções na série. O ex-vocalista, John Lydon, queria impedir o uso das canções, mas o baterista Paul Cook e o guitarrista Steve Jones levaram o caso a tribunal e ganharam.

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Peter Rice, Gail Lyon, John Landgraf, Danny Boyle, Louis Partridge, Craig Pearce, Anson Boon, Sydney Chandler, Tracey Seaward, Jacob Slater, Emma Appleton, Maisie Williams, Talulah Riley, Paul Cook, Thomas Brodie-Sangster e Anita Camarata

"Há uma espécie de hostilidade embutida em toda a estrutura dos Sex Pistols", defende Danny Boyle. "A série mostra que eles também foram companheiros em alguns momentos. Mas há uma discórdia, uma contrariedade que está sempre a ser incorporada. Isso foi em parte encorajado por Malcolm, mas acho que foi também devido, em parte, à natureza das suas personalidades. Assim sendo, ficaria chocado - como se, de uma certa forma, me tivessem contado algo falso - se o Johnny Rotten aprovasse a série. Quer ele a veja ou não, não sei. Espero que ele o faça porque o que tentámos fazer foi tentar mostrar que ele é um génio, na verdade", destaca o realizador.

Em conversa com os jornalistas, o britânico confessa que se identificou com a história dos membros da banda. "Quando li o livro, relacionei-me tudo. Não com o abuso. Sou de uma família carinhosa, mas vim de uma família da classe trabalhadora e de uma comunidade. Foi muito verídico e meio desarmante, porque ele é completamente honesto. Ele não engana ninguém. Todos eles são totalmente sem tretas. (...) Tenho exatamente a mesma idade que ele, venho de um passado semelhante e adorava punk. Adorava as canções dos Sex Pistols, mas nunca os vi a tocar ao vivo até 1996. Quando cheguei a Londres, em 1978, eles já tinham acabado. Mas era dedicado aos The Clash e a todo o tipo de grupos que os seguiam o seu rasto e sentia o que causava este movimento, o ponto de erupção, o ponto de ignição... e o ponto de fusão eram os Pistols, sem dúvida", explica o realizador.

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Ao longo dos seis episódios, "Pistol" centra-se na tempestade feroz e violenta dos Sex Pistols - o foco da série está no membro fundador e guitarrista, Steve Jones. "A viagem hilariante, emocional e, por vezes, comovente de Jones guia-nos através de uma narrativa caleidoscópica de três dos anos mais épicos, caóticos e salpicados de muco da história da música", adianta o Disney+.

"O tom da série é ditado pelo final. Portanto, a palavra final que se vê escrita no céu é a palavra 'bollocks' [em referência ao álbum 'Never Mind the Bollocks Here's the Sex Pistols', de 1972]. E esse é o tom da série, porque essa palavra no Reino Unido é infinita. Significa tudo. São apenas tretas", resume Danny Boyle.

“Pistol” conta com Toby Wallace como Steve Jones, Jacob Slater como Paul Cook, Anson Boon como John Lydon, Christian Lees como Glen Matlock, Louis Partridge como Sid Vicious, Sydney Chandler como Chrissie Hynde, Talulah Riley como Vivienne Westwood, Maisie Williams como o ícone punk Jordan, Emma Appleton como Nancy Spungen e Thomas Brodie-Sangster como Malcolm McLaren.

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Em conferência via Zoom, Maisie Williams, que ficou conhecida ao vestir a pele de Arya Stark em "A Guerra dos Tronos", confessa que ficou surpreendida com as histórias e elogia toda a equipa. "Não pensava que os anos 1970 estavam assim tão distantes mas, na verdade, em termos de tecnologia e da forma como a nossa mudou tão drasticamente nos últimos dois anos, pareceu-me uma boa fuga. No arquivo existiam tantas filmagens e tivemos de mergulhar nisso. E depois, já na rodagem, tudo foi feito de forma tão bela e detalhada. Parecia mesmo que estávamos a voltar atrás no tempo", destaca a atriz.

"Não fazia ideia do envolvimento da Vivienne Westwood com o Malcolm McLaren na criação dos Sex Pistols. Embora a nossa série seja uma releitura ficcionada dos acontecimentos, foi muito divertido ver como Craig Pearce [o criador da série] esculpiu todo aquele encontro. A forma como Malcolm e Vivienne conheceram o Steve, por exemplo. Por isso, para mim, foi muito divertido perder-me nesta história", conta.

Para Thomas Brodie-Sangster, que veste a pele de Malcolm McLaren, o "nível de detalhe da série é bastante notável". "Dar um pequeno passeio pelo departamento de guarda-roupas foi o suficiente para me inspirar. Receberam roupas originais de Vivienne Westwood e depois recriaram as peças para obter o aspeto perfeito, o que foi fascinante", sublinha o ator.

Em conversa com os jornalistas, Thomas Brodie-Sangster admite que gostava de saber ainda mais sobre Malcolm McLaren: "Se o encontrasse, ia perguntar-lhe sobre o seu passado. O que o levou a ser o homem que ele realmente queria ser. De onde surgiu tudo... porque não tenho certezas sobre isso. Não sei se ele me iria dizer, na verdade. Provavelmente, não o faria".

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Para se prepararem para a série, alguns atores tiveram oportunidade de conversar com as personalidades que inspiram as suas personagens. "Foi maravilhoso conhecer Vivienne Westwood. Fui até ao seu escritório e foi um ambiente maravilhosamente criativo. Havia esboços na parede e rolos de tecido por todo o lado. E mais uma vez, ela foi muito querida, muito generosa com o seu tempo", conta Talulah Riley, atriz que veste a pele da estilista na série do serviço de streaming.

Sydney Chandler também conversou com Chrissie Hynde, que namorou com Steve Jones nos anos 70, antes de começar a gravar a série. "Ela foi tão simpática e generosa. É uma mulher muito fixe e inspiradora... foi tão generosa ao partilhar as histórias e as suas opiniões sobre aquela época. Isso ajudou-me a dar início à personagem", confessa a atriz.

A minissérie "Pistol" estreia-se a 17 de agosto no Disney+ e conta com seis episódios.

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