Há duas semanas, o programa "Ana Leal", da TVI24, transmitiu uma reportagem que dá conta de "uma espécie de sociedade secreta, praticada em Portugal por psicólogos, psiquiatras e padres da Igreja Católica, que acreditam que é possível curar homossexuais", de acordo com o canal de Queluz.

Tanto a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) como a CCPJ confirmaram à Lusa terem recebido queixas/participações sobre este programa.

"Sim, a CCPJ confirma queixas sobre o programa da jornalista Ana Leal", disse fonte da entidade, que apontou que o número ascende a "cerca de 600".

Questionada sobre qual é o procedimento seguinte, a mesma fonte adiantou que a CCPJ "decidirá se há matéria ou não de um processo à referida jornalista".

Na próxima quarta-feira, "e após a tomada de posse da presidente [que foi cooptada esta semana], é que serão analisadas todas as questões pendentes nesta Comissão, entre elas as referidas participações", concluiu.

Por sua vez, fonte oficial da ERC confirma a receção de participações sobre a reportagem relativa à reorientação sexual de homossexuais, como também à relativa ao programa sobre violência doméstica onde é identificado um menor.

"A ERC confirma a entrada de participações a propósito desses dois assuntos", disse fonte oficial.

"Não é possível avançarmos com o número de participações, dado ainda estar aberto o processo de receção das mesmas", concluiu a mesma fonte.

Na semana passada, o Conselho Deontológico dos Jornalistas tinha condenado "os termos em que uma reportagem, apresentada como sendo sobre violência doméstica, mas suportada exclusivamente num caso, identificando intervenientes e vítimas", que tinha sido exibida no Jornal das 8, da TVI, "e depois retomada no programa Ana Leal, da TVI 24, incluindo uma entrevista telefónica com um dos envolvidos no caso, que usou um filho menor de idade nessa conversa". Esta reportagem é relativa ao caso do divórcio do ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho da apresentadora Bárbara Guimarães.