A Netflix vai mudar o seu método de divulgar audiências, muito criticado por entidades independentes e ainda por estúdios de cinema e canais tradicionais de TV.

Desde janeiro de 2020 que dois minutos de um filme ou série contam como um visionamento (qualquer um destes sistemas não considera vários espectadores que usam a mesma conta), substituindo a métrica anterior de ser necessário assistir a 70% de um programa. A empresa defendia que o novo método permitia que programas curtos e longos fossem tratados de forma igual e que os dois minutos eram tempo suficiente para manifestar a intenção de ver o conteúdo.

Foi esta medição que permitiu à plataforma avançar que a série sul-coreana "Squid Game" teve uma audiência de 142 milhões de subscritores em todo o mundo nos primeiros 28 dias, independentemente de terem visto ou não os nove episódios.

Esta terça-feira, a Netflix prometeu alterar a informação para o total de horas visualizadas, um método alinhado por exemplo com a empresa medidora de audiências Nielsen.

“No final do ano, passaremos a informar as horas visualizadas para os nossos títulos em vez do número de contas que optam por vê-los. Isto também corresponde à forma como os serviços externos medem as audiências de TV e dão o peso devido a revisualizações. Além disso, começaremos a divulgar audiências de títulos com mais regularidade, para lá do nosso relatório de contas, para que os nossos membros e a indústria possam medir melhor o sucesso no mundo do streaming", explicou a plataforma na sua carta trimestral aos investidores.

Usando dados até 27 de setembro (antes de "Squid Game"), a Netflix também prestou informações como a nova forma de medir audiências mudaria os seus rankings: "Bridgerton" continuaria a liderar, mas "La Casa de Papel" e a terceira temporada de "Stranger Things" passariam para segundo e terceiro lugar pelo total de horas visualizadas, substituindo "Lupin" e "The Witcher".

Tradicionalmente, as plataformas de streaming fazem grande secretismo sobre as audiências, argumentando que divulgar essa informação seria comercialmente delicado. Essa posição tem sido denunciada como falta de transparência pelos estúdios de cinema tradicionais, canais de televisão e entidades independentes.

Em junho, o governo britânico apelou às plataformas de streaming que revelassem as audiências das séries que tenham disponíveis e na origem sejam dos canais do serviço público de televisão britânico, sugerindo que apresentaria legislação se isso não acontecesse voluntariamente.

O pedido dirigia-se principalmente à Netflix e Amazon, cujos catálogos incluem muitos programas da BBC, ITV (formalmente chamada Channel 3), Channel 4 e Channel 5, como "Peaky Blinders", "Fleabag", "The Bodyguard", "Line of Duty", "The Fall" e "Luther".