"A Múmia" está de regresso ao cinema, mas a nova versão foi mal recebida pelos críticos e não está a despertar o entusiasmo arrasador que o estúdio de Hollywood estava à espera.
No entanto, o filme com Tom Cruise pelo menos teve a vantagem de voltar a chagar a atenção para outro com o mesmo título de 1999 que teve muito mais sucesso e tinha como principal estrela Brendan Fraser.
Que nem mereceu aparecer agora por alguns segundos no regresso ao cinema da saga de monstros que ajudou a tornar tão popular; o realizador Alex Kurtzman deu a desculpa que a sua personagem era dos anos 1930.
Na verdade, o ator, agora com 48 anos, está desaparecido dos grandes projetos de Hollywood há quase uma década. O que aconteceu? Uma péssima decisão na carreira e mau gosto a escolher os projetos.
Após a revelação com "O Rapaz da Pedra Lascada" em 1992, Fraser tirou o "jackpot" com a comédia "George - O Rei da Selva" e acumulou sucessos nas bilheteiras ou de crítica como "Deuses e Monstros" (1998), "O Namorado Atómico" (1999), "Sedutora Endiabrada" (2000), "O Americano Tranquilo" (2002) e "Colisão" (2004), que ganhou o Óscar de Melhor Filme.
No meio disto, "A Múmia" (1999) foi decisivo, pois mostrou que estava tanto à vontade em comédia como ação: o aventureiro Rick O'Connell era um novo herói para uma indústria que nunca tinha encontrado um sucessor do espírito de Indiana Jones.
Seguiram-se duas sequelas, "O Regresso da Múmia" (2001) e "A Múmia - O Túmulo do Imperador Dragão" (2008), mas a última foi uma desilusão comercial que colocou fim à saga.
Pelo meio, Fraser acumulou filmes medíocres como "Monkeybone - O Rei da Macacada" (2001), "12 Horas até ao Amanhecer", "Negócios de Interesse" (2006) e "O Ar Que Respiramos" (2007), que começaram a criar a imagem de que não tinha grande gosto a escolher os projetos. O melhor deste período, "Looney Tunes: De Novo em Acção" (2003), de Joe Dante, também falhou nas bilheteiras.
A seguir, tomou a pior decisão da sua carreira.
O desaparecimento de Hollywood está, ironicamente, ligado ao seu último sucesso: ao recusar entrar na sequela de "Viagem ao Centro da Terra" (2008) porque Eric Brevig, o realizador desse filme, não estava disponível, o projeto foi reescrito para se centrar na personagem do sobrinho (interpretado por Josh Hutcherson) e numa nova criada à medida de Dwayne Johnson.
Resultado: "The Rock" acabou por consolidar a sua carreira com mais um sucesso no início de 2012.
Fraser, pelo contrário, fez mais uma má escolha, que acabou por ser a última: "Medidas Extraordinárias" (2010) com Harrison Ford, o primeiro filme da CBS Films e uma grande aposta desta nova empresa do grupo CBS para se afirmar em Hollywood.
Com o fracasso, Fraser praticamente desapareceu do radar: entrou em algumas produções independentes sem visibilidade e nas séries "The Affair" e "Texas Rising". Em 2013, teve publicidade não desejada quando foi a tribunal pedir a redução da pensão de alimentos à ex-mulher por dificuldades financeiras.
Ainda assim, os fãs não o esqueceram e 46 mil chegaram a assinar uma petição apelando ao seu regresso ao cinema e televisão.
Já não terão de esperar muito pois em janeiro chega aquela que pode ser a melhor oportunidade dos últimos tempos: "Trust", uma minissérie realizada por Danny Boyle onde contracena com Hilary Swank e Donald Sutherland.
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