"A Nossa Loucura” é um dos filmes portugueses mais distinguidos de 2018 e já está em cartaz nas nossas salas de cinema.

Depois de estrear no Festival de Berlim, foi escolhido como o Melhor Filme português do IndieLisboa.

A cinematografia é de Sabine Lancelin, responsável pela fotografia em diversos trabalhos de Manoel de Oliveira e a produção é a da Papaveronoir, empresa do cineasta responsável pelos seus projetos.

O filme de João Viana teve boa receção na Berlinale, tal como havia acontecido com a sua primeira longa-metragem, “A Batalha de Tabatô”, de 2013, e com a curta “Tabatô”, vencedora de um prémio no festival.

“A Nossa Loucura” aborda de uma forma alegórica e onírica, com fotografia em preto-e-branco, o tema da descolonização e das desgraças e matanças ocorridas em território africano.

O fio narrativo gira em torno de uma mulher (Ernania Rainha), que procura o filho e o marido e tem como cenário principal um manicómio em Moçambique. Este, como sublinha a voz em “off” no início, simboliza um espaço que pode ser muitas coisas em diferentes tempos – neste caso referindo-se à escravatura e à guerra civil de décadas anteriores. Depois de ser descoberta como tendo um talento musical especial, ela aproveita a oportunidade para fugir para as ruas de Maputo.

Conforme diz o cineasta ao SAPO Mag, “as pessoas são como uma espécie de chaves, todas diferentes, que abrem portas. Mas a sociedade não quer que façamos isso – pretende apenas que a gente coma, beba e vote. As portas estão abertas para o consumo, mas não para o uso da inteligência."

A estrutura labiríntica é mesmo um convite e um desafio ao espectador.

“A nossa inteligência precisa urgentemente de ter uma porta para a nossa existência e que ela não sirva apenas para o uso dos outros. E para isso, precisamos de livros e filmes. O que tentei fazer foi um buraco para a fechadura, um buraco sem fundo, onde uma pessoa que veja o filme se perca, porque no fundo a ideia é mostrar que estamos todos loucos, que o mundo está louco”, conclui João Viana.

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