Hugh Grant tinha-se tornado uma grande estrela com "Quatro Casamentos e Um Funeral" e namorava com Elizabeth Hurley quando foi detido a 27 de junho de 1995 pela polícia de Los Angeles após ser apanhado num carro a praticar sexo oral com a prostituta Divine Brown.
O "timing" não podia ser pior: duas semanas antes da estreia de "Nove Meses", o seu primeiro filme para um grande estúdio de Hollywood.
Passados quase 26 anos, o ator admitiu que que o escândalo aconteceu precisamente porque tinha visto o filme e não gostou do que viu.
"Estava prestes a lançar o meu primeiro filme de Hollywood, o meu 'timing' era impecável. O meu problema foi... era o meu primeiro filme de Hollywood e tinha acabado de o ver. Ia estrear uma ou duas semanas depois e eu tinha um mau pressentimento. Tinha ido a um visionamento. Toda a gente nele era brilhante, mas eu era tão atroz que não estava num bom estado de espírito", recordou numa nova entrevista ao podcast WTF de Marc Maron sobre a comédia romântica onde também entravam Julianne Moore e Robin Williams.
A partir daí, acrescentou, caiu numa espiral e "uma coisa conduziu a outra".
"Estava só desiludido comigo mesmo. Não sei o que se estava a passar", recordou antes de recordar o título do filme.
Apesar do seu estado de espírito, o filme até acabou por ser um razoável sucesso: "O filme correu bem nas bilheteiras. Na verdade, acho que correu muito bem e isso é tudo o que interessa a Hollywood".
Antes das redes sociais e da banalização dos escândalos "online", uma estrela de cinema apanhada com uma prostituta era um "beijo de morte" na carreira.
No entanto, o que aconteceu a seguir é visto como uma das mais extraordinárias operações de salvamento de relações públicas de todos os tempos.
Logo a 10 de julho de 1995, o ator arrancou com a sua campanha de "redenção" ao pedir perdão no programa de Jay Leno.
A entrevista famosamente começou com "O que foi que te passou pela cabeça?" e Grant respondeu "Na vida, acho que sabemos o que devemos fazer e o que não devemos fazer. E eu fiz uma coisa que não se devia fazer. E aí está".
O ator fez uma "digressão de mea culpa" por vários locais e foi elogiado pela sua "refrescante honestidade" e por não recorrer a desculpas. Acabou por pagar 1180 dólares de multa e receber uma pena suspensa de dois anos.
A carreira sobreviveu e no ano passado, para roubar "munição" mais letal aos seus críticos nas redes sociais após entrar em força na campanha para as eleições legislativas na Grã-Bretanha, partilhou o seu momento público mais embaraçoso, o da famosa fotografia tirada na prisão.
"Para os meus queridos 'trolls'. Espero que isto seja útil. Agora têm mais tempo para passar com a mamã", escreveu.
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