O realizador afirmou ao SAPO que «não há nada mais agradável do que a compreensão dos espectadores sobre aquilo que os realizadores fazem». E
Manoel de Oliveira já fez bastante, mas ainda tem muitos projectos futuros.
Durante uma conversa com os jornalistas na noite desta quinta-feira,
Manoel de Oliveira foi questionado sobre dois novos projectos para filmes. O realizador respondeu: «Só dois? Queria fazer mais do que isto».
Neste domingo, estreia o seu mais recente filme
«O estranho caso de Angélica» no
Festival de Cinema Luso-brasileiro em Santa Maria da Feira.
A estreia nacional da película que foi aplaudida em Cannes em Maio deste ano não é uma prova da energia do cineasta. «A energia não é da minha conta, é a que eu recebo dos astros», disse
Manoel de Oliveira.
«Não sei o tempo que terei disponível mas eu não tenho pressa», rematou o realizador. Entre todos os projectos que quer concretizar, há uma prioridade:
um filme com base no romance de Agustina Bessa-Luís, «A Ronda da Noite». «Seria uma homenagem a ela», concluiu o cineasta.
«Interpretação poética»
A curta-metragem «Painéis de São Vicente de Fora, Visão Poética», que foi exibida nesta quinta-feira no Auditório do Museu de Serralves, é uma reflexão pessoal de
Manoel de Oliveira sobre os painéis quatrocentistas atribuídos ao pintor Nuno Gonçalves.
«Não é uma reflexão científica nem histórica, é uma interpretação poética», explicou o cineasta. «O realizador apresenta uma leitura humanista e um comentário ao presente», caracterizou
João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves.
A
curta-metragem já tinha sido exibida numa sessão privada na Casa da Serralves, que contou coma presença do Presidente da República, Cavaco Silva, e que o SAPO também teve a oportunidade de acompanhar.
Durante 16 minutos, as principais personagens do quadro ganham vida para apelarem à concórdia entre os povos, independentemente de raças ou religiões. O filme apresenta
Ricardo Trêpa e
Diogo Dória nos papéis de São Vicente e do Infante D. Henrique.
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