Nuno Artur Silva é o novo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, ficando na dependência da ministra da Cultura, Graça Fonseca.
O elenco de 50 secretários de Estado para o XXII Governo Constitucional foi apresentado esta segunda-feira pelo primeiro-ministro indigitado, António Costa, ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Com 57 anos, Nuno Artur Silva é lisboeta e licenciado em Línguas e Literaturas Modernas. Argumentista, produtor, empresário, foi cofundador das Produções Fictícias, do canal televisivo Canal Q e do jornal satírico O Inimigo Público, e tem o nome ligado a vários programas de humor, nomeadamente "Herman Enciclopédia", "Contra informação" e "Os Contemporâneos".
Apresentou alguns programas de televisão, entre os quais o de debate "Eixo do Mal".
No âmbito das suas funções, ficará com a tutela da comunicação social com participação maioritária do Estado, ou seja a RTP e a Lusa - Agência de Notícias de Portugal.
Há ano e meio, deixou a administração da televisão pública porque o Conselho Geral Independente (CGI) afirmou que a sua continuidade era "incompatível com a irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados, cuja manutenção não é aceitável".
Em causa estava não se ter desfeito das participações que detinha na empresa Produção Fictícias, o que suscitou várias críticas, nomeadamente da Comissão de Trabalhadores da RTP.
Apesar desse conflito de interesses, o CGI salientou que não verificou "que isso tenha sido lesivo da empresa, no decurso do seu mandato" e destacou que Nuno Artur Silva foi “responsável, nos últimos três anos, pela reconfiguração estratégica da política de conteúdos da empresa, numa ótica de serviço público de media, tarefa que desempenhou de modo altamente meritório e sucessivamente reconhecido pelas instâncias de escrutínio da empresa”.
Em maio de 2018, Nuno Artur Silva afirmava, numa audição parlamentar, que é defensor do modelo do Conselho Geral Independente da RTP, porque representou um sinal de independência e apontou que o problema da empresa é o financiamento.
"A RTP cumpriria melhor se houvesse dinheiro para fazer melhor", afirmou Nuno Artur Silva.
Numa entrevista com a revista Visão, em setembro, questionado sobre o futuro do jornalismo e o seu modelo de negócio, Nuno Artur Silva disse que “se a democracia precisa de jornais, o Estado tem de cobrar uma taxa qualquer para que se paguem projetos jornalísticos, não haverá outra possibilidade”.
Também este ano, ao Observador, Nuno Artur Silva considerou que “o cinema português despreza a televisão porque a considera comercial, e não artística, e a televisão portuguesa considera o cinema português elitista, sem ambição de público”, algo que encara como um “divórcio” que “tem sido trágico para o desenvolvimento de formatos audiovisuais”.
Em 2014, Nuno Artur Silva dizia, num encontro com jornalistas, que se considerava um "artista de variedades" que já fez quase tudo, isto a propósito de um espetáculo a solo que protagonizou, intitulado "A Sério?".
Esta faceta de autor de palco deveria ser novamente revelada em novembro próximo, em Lisboa, no espetáculo "Onde é que eu ia?", adiado 'sine die' devido à nomeação para secretário de Estado.
"Onde é que eu ia?" tinha sessões marcadas para os dias 8 e 9 de novembro no Teatro Capitólio.
Nuno Artur Silva também comissariou este ano a programação da Feira do Livro do Porto e o programa "O Fascínio das Histórias", que no próximo sábado ocupará vários espaços da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com debates, leituras e cinema.
No total, incluindo o primeiro-ministro, o XXII Governo Constitucional terá 70 elementos, somando ministros e secretários de Estado, dos quais 26 mulheres e 44 homens. O peso das mulheres no conjunto do novo Governo será de 37,1%.
O executivo cessante de António Costa, o XXI Governo Constitucional, tem 17 ministros (passa agora para 19), 43 secretários de Estado, 17 dos quais mulheres. No total, entre primeiro-ministro, ministros e secretários de Estado, a atual equipa cessante tem 61 governantes.
Na sua primeira composição, que tomou posse em 26 de novembro, o executivo tinha 17 ministros e 41 secretários de Estado, num total de 59 governantes (contando com o chefe do Governo).
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