A greve serviu também para reclamar o pagamento de salários em atraso.

A greve foi mantida mesmo depois de, na sexta-feira, a ministra da Cultura,
Gabriela Canavilhas, ter garantido a regularização da situação salarial até ao final de Dezembro, e anunciado que o Estado vai avançar com a alienação da sua parte na empresa.

Em frente ao
ICA, onde os trabalhadores se concentraram à tarde, após uma acção idêntica durante a manhã, junto ao Ministério da Cultura, Tiago Silva, trabalhador da
Tobis e delegado sindical, disse à agência Lusa que se «mantêm muitas interrogações sobre o futuro» da empresa.

Questionado sobre a adesão à greve na Tobis, o representante do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), disse que rondava «os 50 por cento» dos trabalhadores.

Actualmente, a Tobis Portuguesa S.A. possui 56 trabalhadores, na sequência da saída de cerca de uma dezena devido à situação de dificuldades financeiras da empresa, fundada há 78 anos e na qual o Estado detém 96,4 por cento do capital social.

«Reclamamos mais informação sobre a situação e que o Estado cumpra as suas obrigações para com a Tobis», explicou o delegado sindical, acrescentando que «o Governo deve resolver o problema da empresa se encontrar descapitalizada».

Tiago Silva adiantou que os trabalhadores estão «preocupados com a forma como vai ser feita a alienação, a quem e em que condições».

Os cerca de 20 trabalhadores tinham-se concentrado também durante a manhã em frente ao Ministério da Cultura, e depois entregaram um documento com as reivindicações à tutela. «Esperávamos ser recebidos pela ministra da Cultura, mas por motivos de agenda não foi possível, e entregámos os documentos a uma assessora e ao chefe de gabinete» de Gabriela Canavilhas.

A ministra tinha justificado sexta-feira aos trabalhadores da Tobis que é «um pouco irregular» que o Estado seja detentor de «uma empresa com as características» daquela empresa e pretende, por isso, avançar para uma solução de alienação.

«Vamos alienar a participação do Estado para encontrar parceiros com outra capacidade de resposta e de investimento para a Tobis», revelou na altura a ministra.

O director do ICA, José Pedro Ribeiro, por seu lado, explicou que o «concurso já está a seguir os trâmites legais» e que «em breve haverá desenvolvimentos».

Após a concentração em frente ao ICA, os trabalhadores vão também ser recebidos pelo director do organismo, mas dizem desconhecer a ordem de trabalhos do encontro.

SAPO/LUSA

Tobis: 78 anos de histórias