Produzido pela Netflix, “Uma Fábrica Americana” fala do choque entre culturas, quando uma fábrica no Ohio é adquirida por uma empresa chinesa.

No discurso de agradecimento, a realizadora Julia Reichert, além de nomear os outros candidatos, fez um apelo ao sindicalismo, destacando a necessidade de os trabalhadores se unirem: "Os trabalhadores enfrentam cada vez mais dificuldades hoje em dia, e acreditamos que tudo melhore, quando os trabalhadores do mundo se unirem", afirmou.

O caráter político da declaração de Reichert teve até agora paralelo na intervenção de Brad Pitt, quando o ator afirmou, ao receber o Óscar de melhor ator secundário, na abertura da cerimónia, que os 45 segundos que a Academia lhe dava para agradecer, eram "45 segundos mais do que o Senado tinha dado ao embaixador John Bolton", no processo de 'impeachment', na semana passada.

A distribuição do “Uma Fábrica Americana” pela Netflix teve o apoio de Barack e Michelle Obama, que acompanharam os realizadores Steven Bognar e Julia Reichert numa espécie de 'making of', que acompanhou o lançamento da obra.

O ex-Presidente dos Estados Unidos já felicitou os cineastas, através da rede social Twitter, por "contarem uma história complexa e comovente", sobre as consequências e o impacto humano impostos pela economia.

“Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, “Honeyland”, de Ljubo Stefanov, Tamara Kotevska e Atanas Georgiev, “The Cave”, de Feras Fayyad, e “For Sama”, de Waad al-Kateab e Edward Watts, eram os outros candidatos ao Óscar de melhor documentário em longa-metragem.

O filme de Petra Costa é um retrato de Brasil, que acompanha a queda dos antigos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, e o clima para a ascensão de Jair Bolsonaro, na conquista de Presidência do país, fazendo uma análise das ameaças à democracia.

Na semana passada, Bolsonaro criticou a realizadora, considerando-a uma "ativista anti Brasil" por "difamar a imagem do país no exterior, com 'fake news'".

Petra Costa esteve em Portugal para apresentar “Democracia em Vertigem”, no festival IndieLisboa, no passado mês de maio, depois de estrear o documentário no festival de Sundance, nos Estados Unidos.

O festival português definiu "Democracia em Vertigem" como um "aviso para a fragilidade dos sistemas democráticos às forças do populismo".

O documentário "The Cave", do realizador sírio Feras Fayyad, estreado na semana passada no canal National Geographic, mostra a luta de médicos e enfermeiros num hospital subterrâneo durante o cerco de Goutha, na Síria. A equipa continua a receber terapia para lidar com os efeitos desse trabalho.

Os cenários de guerra marcam também o melhor documentário em curta-metragem distinguido com o Óscar, "Learning to Skateboard in a Warzone (If You're a Girl)", de Carol Dysinger e Elena Andreicheva.

“Era Uma Vez... em Hollywood” deu a Barbara Ling e Nancy Haigh o Óscar de melhor cenografia, e “Mulherzinhas” garantiu a Jacqueline Durran o prémio de melhor guarda roupa.

“Le Mans '66: O Duelo” conquistou até agora os Óscares de melhor montagem (Michael McCusker e Andrew Buckland) e de melhor montagem de som (Donald Sylvester); “1917” conquistou os Óscares de melhor fotografia (Roger Deakins), melhor mistura de som (Mark Taylor e Stuart Wilson) e de melhores efeitos visuais foi para "1917" (Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy).

O Óscar de melhor caraterização foi para “Bombshell - O Escândalo” (Kazu Hiro, Anne Morgan e Vivian Baker).

“The Neighbors' Window”, de Marshall Curry, conquistou Óscar de melhor curta-metragem.

“Era Uma Vez... em Hollywood”, "Le Mans '66: O Duelo" somam dois Óscares, cada um; "1917" soma três.

Durante a cerimónia, o ator Tom Hanks anunciou a abertura do museu da Academia, em Hollywood, no próximo dia 14 de dezembro.

A 92.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos, realiza-se no Dolby Theatre, em Los Angeles, na noite de domingo, na Califórnia, madrugada de seguda-feira em Portugal.

Cineasta diz que mulheres “não têm de se encaixar no patriarcado”

A realizadora Julia Reichert disse que as mulheres "não têm de se encaixar no patriarcado" para vingar em Hollywood.

"Não temos de fazer as coisas da mesma forma que os homens", afirmou a co-realizadora do documentário, que é a primeira colaboração entre a Netflix e a produtora Higher Ground de Michelle e Barack Obama.

O segredo para o avanço das mulheres realizadoras, num ano em que a Academia só nomeou homens para a principal categoria de realização, será a "irmandade, que é outra forma de dizer solidariedade, que é outra forma de dizer apoiem-se umas às outras", considerou a veterana dos documentários.

"Quando vim aos Óscares pela primeira vez, em 1977, isto era um mar de homens brancos", lembrou. "Está a melhorar. Como é que isso aconteceu? Não foi por causa de mulheres individuais", continuou.

Reichert disse que parte do que mudou é que na indústria as mulheres perceberam que era preciso trabalharem em conjunto. As mulheres passaram a poder escolher o seu caminho e devem "apoiar-se umas às outras", não entrar "no clube dos rapazes" para chegarem ao sucesso.

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