Noah Lennox, mais conhecido como Panda Bear, foi o anfitrião da noite a quem coube entreter o público portuense, onde elementos mais acérrimos vestiram literalmente a camisola – que é como quem diz, envergaram máscaras de papel emformato focinho de panda –, partilhou a tarefa e a parafernália eletrónica com Sonic Boom, ficando assim mais à vontade para se dedicar à guitarra e ao canto. Sonic Boom foidesignação adotada por Peter Kember (ex Spacemen 3), responsável pela mistura e pela produção de “Tomboy”, o álbum em causa para apresentação. E se este quarto registo contou com a particularidade de ter sido gravado num estúdio numa cave lisboeta, acabando por refletir o meio envolvente, a transposição para palco foi compensada pela adição do cunho de Kember, na liderança dos sintetizadores.

You Can Count On Me, tema de abertura de “Tomboy”, abriu também o alinhamento, que prosseguiu pela canção-título e pelos beats de Slow Motion, a confirmarem a abordagem integral do sucessor de “Person Pitch”. A amálgama de ritmos veraneantes, melodias sintetizadas e fusões improváveis foi intensificada por um trabalho visual cuidado, assente num jogo de luzes agressivo (strobe) e efeitos de fumo, conjugado com projeções várias, de mosaicos caleidoscópicos em texturas cromadas.

Já no encore, Bros, do aclamado “Person Pitch”, fechou o alinhamento, numa noite que, a julgar pelas reacções obervadas, há-de ter suscitado dualidades. Ao entusiasmo de uns, em rendição assumida pelo desempenho do fundador dos Animal Collective, contrapôs-se a não disfarçada atitude de quem se deixou embalar e adormecer nas cadeiras oscilantes da Sala Suggia.

Texto: Ariana Ferreira

Fotografias: Ricardo Almeida