Em conversa com a agência Lusa, José Miguel Pereira, programador do espaço cultural gerido desde 2012 pela associação sem fins lucrativos Jazz ao Centro Clube, disse que o cartaz do primeiro trimestre de 2025 segue uma linha de continuidade com o que tem vindo a ser seguido pelo Salão Brazil, mantendo a aposta na diversidade da música portuguesa, nas colaborações locais, nacionais e internacionais, e nas residências de criação.

“O que para nós é digno de registo é o Salão Brazil, hoje, e desde muito recentemente, fazer parte da rede de equipamentos culturais municipais de Coimbra. É o culminar de 14 anos de trabalho em que foi possível demonstrar a importância de espaços desta natureza, salas de pequena e média dimensão que desempenham um papel fundamental”, argumentou o programador.

Em 2026, o Salão Brazil irá celebrar os 100 anos do edifício onde está instalado – um primeiro andar no Largo do Poço, em plena Baixa de Coimbra, sensivelmente a meio caminho entre a Loja do Cidadão e a Câmara Municipal – com propostas culturais que se vão iniciar já em 2025 e que visam, igualmente, lançar uma reflexão sobre o futuro do espaço.

“Para além da programação regular, vamos chamar a comunidade para participação nesta reflexão sobre qual vai ser o futuro do Salão Brazil, que papel poderá ter uma pequena ou média sala nos dias hoje. E isso é muito pertinente, sobretudo numa altura em que se perspetivam obras de requalificação do espaço que vão transformar um edifício centenário, situado mesmo no coração da Baixa de Coimbra. É um processo que nos entusiasma, é o culminar de uma trajetória de afirmação”, observou José Miguel.

Lembrando que desde que o Jazz ao Centro Clube começou, em 2012, a sua atividade de programação regular, o espaço do Salão Brazil tem permitido que, à sua volta, se tenham criado “condições únicas” na Baixa de Coimbra, transformando-se, deste modo, num espaço-âncora daquela zona da cidade.

“E isso reflete-se em vários aspetos: reflete-se na segurança pública, na ocupação do espaço público, além daquilo que é mais óbvio, uma oferta cultural regular que faz com que a cidade ganhe um espaço e uma programação que, dificilmente, poderia ter de outra forma”, alegou.

Os destaques do cartaz para o primeiro trimestre de 2025, hoje revelados, iniciam-se nos dias 10 e 11 de janeiro com o rock conimbricense dos The Twist Connection, que irão apresentar, em primeira mão, o seu novo trabalho discográfico “Concentrate, Give it up, it's too late”, com edição agendada para março.

No fim de semana seguinte, a 17 de janeiro, é a vez do Filipe Furtado Trio apresentar o disco “Como Se Matam Primaveras”. No dia seguinte, o quarteto bbb hairdryer apresenta “A Single Mother / A Single Woman / An Only Child”, sendo que antes da apresentação da banda baseada nas Caldas da Rainha o palco do Salão Brazil será ocupado pelos Cave Story.

Janeiro fecha com um regresso e uma estreia: no dia 24, Rita Braga, cantora, compositora e multi-instrumentista regressa ao Salão Brazil para um concerto especial de lançamento da cassete editada pela Cassetes Anicha e, no dia 25, é a vez de Mynda Guevara se estrear no palco com a apresentação do seu EP Phoenix.

Em fevereiro, um dos destaques vai para a celebração dos 15 anos de carreira dos Birds Are Indie – nos dias 7 e 8, acompanhados por convidados como Ana Trindade, Bea Bandeirinha, Filipe Fidalgo, Francisco Frutuoso, João Fragoso, Joel Madeira, Leonel Mendrix e Sofia Leonor – e a apresentação, no dia 23, do disco Pangea, de Máximo, no qual o artista abandona o formato a solo e faz-se acompanhar por baixo elétrico e bateria.

No dia 28 de fevereiro, o destaque vai para a apresentação de "Buffalo", disco de de Ray, com produção de Paulo Furtado.

Em março, o Salão Brazil ‘viaja’ para fora de portas, ao Teatro Académico de Gil Vicente, uma parceria que, segundo José Miguel, visa apresentar espetáculos com nomes maiores da música internacional, inaugurada com um concerto de Bill Frisell Trio, com Thomas Morgan e Rudy Royston.