Em três salas da galeria serão criados ambientes distintos, nos quais os visitantes podem descobrir o processo criativo e as fases de gravação, bem como experienciar a música do segundo disco de Surma de forma inédita, explicou a cantautora à agência Lusa.

“Sempre tive a ideia de fazer assim uma exposição meio fora da caixa, que remetesse ao ambiente do álbum, mais fisicamente falando”, disse Débora Umbelino, mentora, compositora e intérprete do projeto Surma.

No Banco das Artes, a partir do material recolhido durante o longo processo que deu origem a “alla” - foi anunciado em 2020 - e também após o lançamento do disco, em novembro de 2022, constrói-se “uma instalação artística” que pretende revelar o álbum “em modo mais físico”, refletindo também “o ambiente dentro da ‘live performance’” e “da exploração sensorial”.

“Vamos ter um documentário feito pelos alunos da ESAD.CR [Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha], que acompanharam todo o processo de gravação, para as pessoas verem o processo da colaboração, do processo em estúdio, o que é criar cada música, e também as dificuldades que tivemos no meio deste álbum. Não foi tudo um mar de rosas”, sublinhou Débora Umbelino.

Na produção da instalação “alla || surma”, a artista está a estrear-se numa nova área criativa. “Eu já queria fazer isto há imenso tempo. Tenho tido uma ajuda incrível também da ESAD[.CR], do Nuno Rancho, do João Gago e está a dar-nos um gozo daqueles enormes”, disse, referindo-se à construção do que será apresentado no Banco das Artes Galeria.

Débora Umbelino espera que, naqueles três dias de funcionamento da instalação, “as pessoas também se divirtam muito a descobrir as salas”.

A exposição “alla || surma” foi um dos projetos selecionados pelo programa de apoio municipal de Leiria à Rede Cultura 2027, que suportou a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027, e resulta da colaboração entre Omnichord/cooperativa CCER MAIS, ESAD.CR e Pulsonar Associação.

A gravação do disco “alla” decorreu no espaço cultural Serra, em Leiria, na Fábrica de Cultura, em Minde, no concelho de Alcanena, distrito de Santarém, e na Casa do Vento, em Torres Vedras, distrito de Lisboa. O documentário da ESAD.CR documenta essas etapas.

O álbum, que já teve uma primeira digressão em formato trio, “é muito mais arriscado que o ‘Antwerpen’ [de 2017], a nível sonoro, visual e mesmo a ‘live performance’ está totalmente diferente do ‘Antwerpen’”, assumiu Débora Umbelino.

A cantautora disse que está a ser “totalmente incrível” a apresentação das novas músicas, em que tem partilhado o palco com o percussionista Pedro Melo Alves e o contrabaixista João Hasselberg.

“Tocar em palco com mais pessoas está a trazer-me essa parte de banda, que eu já sentia falta há muito tempo. O ‘alla’ precisa desse ‘power’, dessa empatia em palco e dessa química que eu tenho com o João e com o Pedro. Está a ser uma experiência, acho que para todos nós, muito enriquecedora. Estamos a entrar em mundos totalmente desconhecidos e é isso que eu quero fazer enquanto Surma”, concluiu.