Em entrevista à Lusa, a escritora explicou que em 2017 criou a editora Fábrica das Histórias, um projeto para edições limitadas de literatura infantil com enfoque "no reconto de histórias tradicionais", editando livros de narradores, escritores e ilustradores "com trajetória reconhecida".

Atualmente no Brasil, Clara Haddad confessa-se "apaixonada" pelo Porto, cidade que escolheu há 16 anos para viver e que garante "não trocar por mais nenhuma", mas da qual a pandemia causada pelo novo coronavírus a afastou, não pela vontade mas pela dificuldade em conseguir voar de volta a casa.

"Sempre quis publicar livros, sou artista da palavra há 28 anos e sempre escrevi. A ideia do lançamento online surgiu da impossibilidade de ser presencial, pela restrição de público de um evento de lançamento numa situação de pandemia. Ponderei e usei a criatividade. Vi que ninguém fez e gosto de arriscar em ideias novas. Lancei o desafio para a Sónia Borges, ilustradora do meu novo livro, e ela aceitou se aventurar comigo e fazer uma sessão on-line", explicou a escritora.

Clara Haddad foi "apanhada" pela pandemia e tem vindo a ser obrigada a ficar no Brasil: "Acabei ficando retida no Brasil, vim de férias e na sequência lançar a edição brasileira do livro "A narradora de Histórias", que aconteceu no dia 8 de março, num grande teatro em São Paulo. Vim também para receber um prémio na minha área de atuação. O prémio Baobá que é conhecido por aqui como o Óscar da narração de mediação de leitura", referiu.

O regresso tem sofrido adiamentos.

"Sinto saudades, já estou ausente há meses. Entretanto, logo que seja possível e não houver cancelamento de voo eu retorno. OS preços [dos voos] aumentaram, mas meu problema não é o preço e sim os cancelamentos. Constantemente a companhia aérea desmarca e ando nisso de remarcações há meses", desabafou.

Mas o atual estado de pandemia, pela visão desta "artista da palavra", acaba por ter um retorno positivo: "As pessoas estão mais disponíveis para a escuta das histórias. Tendo sentido isso", disse.

"Desde o início da pandemia, e como forma de me manter conectada com as pessoas e o meu público, tenho realizado todos os domingos uma sessão de contos online nas minhas redes sociais. Tenho recebido público de diversos países. Não só de Portugal e do Brasil e isso acho que diz muito sobre a procura por boas histórias", reflete.

A mesma língua, países diferentes, formas diferentes de encarar a literatura: " Em Portugal existe mais incentivo para a leitura, projetos para a comunidade escolar e não só. No Brasil, infelizmente, esse quesito anda um pouco esquecido. São públicos diferentes e formas diferentes de se chegar a cada um. Respeitando os aspetos culturais de cada país. Acho que o respeito e empatia com o ouvinte é a palavra-chave", descreveu.

"A literatura é livre. Brincamos com as palavras mas de maneira nenhuma queremos direcionar o que outro deve sentir. Literatura é liberdade de sentir, cada um tem a sua leitura", afirmou, adiantando que "brinca" com a curiosidade do leitor.

"A curiosidade é o mote, pois o próprio título é uma pergunta. Quis brincar com isso. Criámos uma página do livro @livrocrocodiloaomeiodia e todos os dias ao meio-dia temos publicado curiosidades sobre os animais", adiantou.

Mas afinal o que como o crocodilo ao meio-dia?

"Esse é um grande segredo da floresta. Só podem saber a partir do dia 4 de outubro às 18:00 no meu Facebook", brincou.

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