“O fado é como se fosse um namorado, um companheiro para a vida toda, com quem desabafo as minhas angústias, a minha felicidade, a ternura, e é com quem me sinto melhor”, disse Maria Emília, em entrevista à agência Lusa.
O disco de estreia, “Casa de Fado”, editado em outubro último, é constituído por 14 temas, entre inéditos e fados de repertórios como os de Beatriz da Conceição, que Maria Emília apontou como a sua “referência maior”, e de Amália Rodrigues, “a diva que não podia faltar”.
Questionada sobre a escolha do título, a fadista afirmou que a sua intenção foi a de “passar neste disco a emoção de se ouvir fado numa casa de fados”, refletindo, ao mesmo tempo, os 15 anos que tem de trabalho nestes espaços.
“Casa de Fado” (Cátia Oliveira/Valter Rolo/Manuel Graça Pereira) é o tema de abertura e um dos inéditos do disco produzido pelo músico Carlos Manuel Proença.
No palco da avenida da Liberdade Maria Emília vai ser acompanhada por Carlos Manuel Proença, na viola, Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, Daniel Pinto e Marino de Freitas, na viola baixo, Miguel Braga, no piano, e por um quarteto de cordas dirigido pelo violinista Luis Cunha.
Neta e filha de portugueses, Maria Emília nasceu em S. Paulo, no Brasil, canta há 15 anos e foi apresentada como “a grande aposta” da edição deste ano do festival Santa Casa Alfama, que se realizou em setembro último, naquele bairro lisboeta.
Maria Emília disse que “este é o disco que neste momento” quis fazer, “mostrar a Maria Emília fadista”, sem se escusar a interpretar outros temas.
Neste álbum, recria uma canção da brasileira Elba Ramalho, “De Volta Para o Meu Aconchego”, de Nando Cordel e Dominguinhos.
“Para me dar a conhecer ao grande público, achei que devia mostrar o que tenho feito nos últimos 15 anos, que é o fado tradicional, e vou sempre cantar fado tradicional. Mas eu sou uma cantora, e não quer dizer que não venha a cantar outros tipos de música. Hoje eu sei aquilo que quero cantar e que quero transmitir, que é o fado tradicional, mas todos os artistas devem cantar aquilo que lhes apetecer. E se hoje é assim, amanhã não sei”, declarou.
De Beatriz da Conceição, Maria Emília gravou “Muito Embora Por Querer Bem” (Artur Ribeiro/Raul Ferrão) e “Sou Um Fado Desta Idade” (Rogério Bracinha/Ferrer Trindade), de Amália Rodrigues “Sem Razão” (Fernando Farinha/Alberto Correia) e a grande marcha de Lisboa de 1964, “Lisboa Bonita” (Eugénia Teles/Hermenegildo de Figueiredo).
"Queria cantar uma marcha, mas sem ser de um bairro, e esta canta toda a Lisboa”, disse.
À fadista Maria da Fé, Maria Emília foi pedir licença para gravar “É Mentira” (Jorge Rosa/João de Vasconcelos), “que é como mandam as regras do fado, pois foi ela a sua criadora”.
Do alinhamento do álbum, entre os inéditos, conta-se “Queira Deus”, de Linda Leonardo, que gravou na melodia do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro, e também, de Linda Leonardo, “Foi Deus que Quis Assim”, que interpreta no Fado Alvito, de Jaime Santos.
Igualmente inédito é “Perfeito Pecado”, de Mário Rainho, que Maria Emília interpreta no Fado Cunha e Silva, de Armando Machado.
"Fui eu que pedi ao Mário [Rainho] que fizesse um poema, onde eu expressasse o que sinto e o meu amor ao fado”, contou à Lusa.
“Agora”, de Nuno Miguel Guedes, que gravou no Fado Menor, é outro dos inéditos do disco. A fechar o disco, canta “Minha Paz”, que tem letra e música de Edu Krieger.
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