Num texto em inglês publicado na rede social Facebook, ao final da noite de segunda-feira, que conta com dezenas de partilhas e comentários, os organizadores argumentam que a realização do festival foi impedida por "manifestantes conservadores", uma alusão aos moradores que contestaram a localização escolhida.

"Meninos e meninas, é com a maior tristeza que temos de anunciar que o ‘Xxxapada na Tromba' não vai acontecer, ou, pelo menos, da maneira que era suposto: uma festa na praia com toneladas de ‘death metal' e bandas de ‘grindcore'", afirmam.

Na informação, os promotores referem-se às notícias dos últimos dias sobre a polémica em redor do evento, frisando que "parece haver um protesto local liderado por pessoas muito conservadoras, que apontaram dedos ao erotismo e formas extravagantes" do "Xxxapada na Tromba", e que os contestatários recorreram ao tribunal para impedir a realização do festival.

Na publicação, os organizadores argumentam ainda que a falta de apoio ao festival por parte da autarquia da Figueira da Foz - anunciada NA segunda-feira na reunião do executivo - deriva, diretamente, da alegada ação judicial.

Alegam, a esse propósito, que embora "até agora" tenham "apreciado o apoio" da Câmara Municipal, "as mãos do Presidente da Câmara estão amarradas" por causa da ação em tribunal que visa impedir o evento.

"Essa ação resultou numa ordem judicial afirmando que todas as atividades do festival têm de ser suspensas até nova notificação", esclarecem.

"É irónico como este festival foi bloqueado por mentes conservadoras num país europeu e livre como é Portugal", lê-se ainda no texto. Os organizadores dizem estar a trabalhar numa solução e lembram que o "Xxxapada na Tromba" tem um historial de ser um festival "onde as pessoas de divertem de forma responsável".

A agência Lusa tentou ouvir os organizadores do "Xxxapada na Tromba" sobre a citada ação judicial - nomeadamente sobre quem a interpôs e quando foi a organização notificada - mas não obteve resposta.

Ouvido pela Lusa, o vereador com o pelouro do Turismo, João Portugal, disse desconhecer qualquer ação judicial, adiantando que reuniu ao final do dia de segunda-feira com os organizadores para lhes pedir mais elementos sobre o evento e transmitir a decisão camarária de não dar apoio logístico ao "Xxxapada na Tromba".

"Isso não foi falado [a pretensa ação judicial]. O que exigimos [para concessão de licenças] foi que fossem pedidas por uma entidade com personalidade jurídica, uma empresa ou associação e não por pessoas em nome individual. E que tudo o que se propõe fazer fosse posto por escrito", indicou.

Na segunda-feira, em reunião camarária, o presidente da Câmara João Ataíde, disse que o município não iria apoiar o festival de ‘death metal' na praia da Murtinheira, contestado por moradores, mas não proibiu a sua realização.

Também na segunda-feira, a página oficial do evento na Internet, até então disponível no endereço "Xxxapada.com" deixou de ter conteúdos acessíveis - como o cartaz, a compra de bilhetes ou o historial, entre outros - apresentando apenas um logótipo, a preto sobre fundo cinzento claro.