Os “dois rapazes e uma garota”, como Gil apresentou os três músicos, atuam, hoje e sábado, em Lisboa, no Campo Pequeno, no domingo, no Coliseu do Porto, com a participação do percussionista Kaina do Jêjê e do baixista Magno Brito.

“Este é um projeto mais roqueiro, pela presença de Nando Reis", que foi o baixista da banda Titãs, "ainda que tenha incursões variadas da música popular do Brasil, um projeto ao qual tanto eu como Gal [Costa] nos associámos, tanto mais que a Gal teve um passado importante no ‘rock n’roll’”, disse Gilberto Gil à agência Lusa, acrescentando que, desde a apresentação do projeto, “muita coisa se foi alterando”.

Trinca de Ases são “três mosqueteiros, três patetas, três poetas da canção”, como se descrevem num dos versos, e que se juntaram “não só para celebrar a história de cada um, como também para cantar novos temas”, que surgiram deste “encontro feliz de amigos - a Gal, de longa data, e o Nando, de há 20 anos”.

Sobre o espetáculo que vão apresentar em Portugal, Gilberto Gil disse “que está muito distante do que foi inicialmente apresentado, daquele embrião, que apresentámos em Brasília”, em 2016, no centenário do nascimento do combatente pela democracia.

“Hoje transformou-se numa peça completamente independente dessa vinculação” a Ulysses Guimarães, que qualificou como “uma personagem política importante”.

Em 1965, Ulysses Guimarães filiou-se no Movimento Democrático Brasileiro, que se tornou, em 1979 no Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Foi um opositor à Ditadura Militar, que vigou 21 anos no Brasil e que terminou em 1987, ano em que Guimarães se tornou presidente da Assembleia Nacional Constituinte, responsável por estabelecer a nova Constituição, atualmente em vigor.

“Essa dimensão afetiva perdeu-se, apesar de algumas canções do alinhamento original continuarem no espetáculo”, disse.

Do alinhamento, que Gilberto Gil admitiu poder "ter alterações para atender ao público português”, fazem parte os inéditos “Trinca de Ases”, “Tocarte”, ainda “All Star”, “Pérola Negra”, “Barracos” e “Lately/Nada Mais”.

Vir a Portugal é essencial para os músicos brasileiros, disse Gilberto Gil, que foi ministro da Cultura do Brasil entre 2003 e 2008, e que qualificou como “visceral” a ligação a Portugal.

“São vínculos que estão nos nossos ossos, nos nossos músculos, nas nossas vísceras, até pela língua e pela cultura global que é a portuguesa”, disse.

Quanto à escolha do título "Trinca de Ases" para o espetáculo, disse à Lusa, que são "três ases num jogo duro, entre uma moça e dois rapazes" que, em conjunto, somam mais de 140 anos de carreira.