O escritor colombiano, de 45 anos, foi reconhecido pelo júri do festival com o prémio Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, pela sua obra "A forma das ruínas", editado pela Alfaguara, tendo marcado presença na cidade nortenha para receber o prémio.
"Recebi a noticia com muita satisfação e é um enorme prazer fazer parte de uma lista de escritores que já o ganharam antes, onde há muitos nomes que admiro. É um grande orgulho ser distinguido num festival que é um lugar de encontro para a literatura latino-americana", disse Juan Gabriel Vásquez.
O autor colombiano, que hoje esteve na sessão de encerramento do Correntes de D'Escritas, o encontro de escritores de expressão ibérica que reuniu nesta sua 19.ª edição mais de 80 escritores de 14 nacionalidades, destacou o facto de ser o primeiro autor sul-americano a receber o prémio principal do certame.
"Este festival na Póvoa de Varzim já se converteu num lugar de encontro entre as línguas portuguesa e espanhola, com autores dos dois lados do Atlântico, e o facto de terem atribuído o prémio, pela primeira vez, a um autor latino-americano, é um enorme motivo de orgulho", confessou.
Curiosamente, Juan Gabriel Vásquez participou na edição do ano passado do Correntes D'Escritas, onde apresentou, precisamente, o livro agora distinguido “A forma das ruínas”, confessando sentir-se "em casa na Póvoa de Varzim".
"É um romance completo e ambicioso que conta de que forma as violências do passado no meu país passaram de geração e geração. Esta reflexão saiu de um momento muito estranho em que um amigo meu, médico, me convidou para sua casa e me colocou nas mãos os restos mortais de um político colombiano assassinado em 1948", descreveu o autor.
Juan Gabriel Vásquez sublinhou que "foi esse contacto com a historia violenta da Colômbia que serviu de inspiração a escrever este livro e explorar as implicações dessas violências, para que estas não fiquem no passado, mas passem, também, de geração em geração".
O autor confessou, ainda, que já está a preparar o seu novo romance, também inspirado num facto histórico da Colômbia, desvendando um pouco o véu sobre o tema da obra.
"Falará dos filhos colombianos da guerra fria, e de todo um fenómeno ideológico, que acabou por expulsar do país muitos jovens, tendo muitos deles se alistado em exército estrangeiros, como o espanhol, lutando em guerras do Afeganistão ou Iraque", confessou.
O autor esteve este sábado ao lado do presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, na sessão de encerramento deste encontro de escritores, ouvindo o desafio lançado pelo autarca para a próximo edição do certame.
"Amanhã já começamos a preparar a 20.ª edição, e já lancei o desafio de que sejamos capazes de nos reinventar para que possamos contar com mais de 20 anos de Correntes D'Escritas, envolvendo cada vez mais a cidade", concluiu o presidente da Câmara.
Foto: AFP
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