O elenco conta com o barítono Miklós Sebestyén, nos papéis de Marquês de Calatrava e de Padre Guardiano, da soprano Julianna Di Giacomo, no papel de Leonora, filha do marquês, do barítono Damiano Salerno, como Carlos di Vargas, pretendente de Leonora, e a meio-soprano Cátia Moreno, que se apresenta em dois papéis, Curra, aia de Leonora, no 1.º ato, e o de Preziosilla.

Cátia Morezzo, em declarações à Lusa, afirmou que este papel de Preziosilla, “será dos mais desafiantes” que desempenhou no TNSC, exigindo mudanças rápidas de cena, já que está praticamente em palco durante os quatro atos da ópera.

“É o mais adequado à minha voz e tudo decorre à minha volta, eu sou o elo de ligação entre todas as personagens”, disse a meio-soprano.

“Estou muito contente com este desafio, gosto de Verdi, que parece que compôs para a minha voz”, disse a cantora lírica, senhora de uma voz grave com agudos fortes que afirmou “que a nível cénico esta encenação é muito cansativa”.

A encenação de Antonio Pirolli “é muito marcada e exige uma mudança constante de trajos”, que comparou ao papel de Suzuki, da ópera “Madama Butterfly”, de Giacomo Puccini, que desempenhou neste mesmo teatro, em 2015.

“O papel de Preziosilla é mais exigente vocalmente, o que também dificulta as coisas, tenho de ter o nível de stress baixo, nos bastidores, onde tudo tem de ser muito rápido, despir roupa e ter logo que entrar em palco, é tudo muito rápido, e quando se entra em cena já se está muito esgotado”, afirmou.

Referindo-se à encenação, a meio-soprano afirmou que “é muito intensa, desafiante”, correspondendo a uma ópera “muito densa e muito inebriada no espírito mental do século XIX”.

A ópera, estreada em 1862, na Rússia, tem um libreto de Francesco Maria Piave, a partir do drama espanhol “Don Álvaro, o La Fuerza del sino” (1835), de Ángel de Saavedra.

A história em cenário espanhol tem como fundo a campanha militar de libertação da Itália do domínio estrangeiro. Um nobre sul-americano apaixona-se por Leonora, filha do marquês de Calatrava, de Sevilha, que a quer casar com um nobre de “brilhante brasão”.

D. Álvaro, o nobre sul-americano, tenta fugir com a jovem sevilhana, mas é surpreendido pelo pai desta e deixando cair a pistola, mata-o acidentalmente.

O jovem casal separa-se, D. Álvaro vai servir na guerra, onde é salvo pelo irmão de Leonora, sem o saber, e tornam-se amigos, mas este jura vingança de sangue, “para limpar a honra da família”.

A trama operática revela “a dimensão tremenda do inevitável, de um poder que se coloca acima da própria vontade do Homem, com desfechos imprevisíveis”, abordando um universo “de seres divididos entre a fé, o ceticismo, a ironia e a vontade de poder”, segundo nota do TNSC.

A ópera, uma coprodução do Theater Bonn, Welsh National Opera e do TNSC, estreia-se na sala do Chiado na quinta-feira às 20:00, onde sobe à cena nos dias 14, 16 e 18, sempre às 20:00, e no sábado, dia 12, às 16:00. No dia 26 apresenta-se no Coliseu do Porto.

A cantora realçou que se "estão a viver novos tempos" no TNSC, referindo-se ao novo conselho de administração do Organismo de Produção Artítica, que tutela o TNSC, e a nova diretora artística, Elisabete Matos, designada no passado dia 01 de setembro, e em funções há menos de um mês, esperando que "dê mais palco e com papéis principais aos cantores líricos portugueses", que "têm trabalhado para isso".