Gerida pela Academia e Escola Profissional de Música de Espinho, essa sala do distrito de Aveiro também propõe para o último trimestre de 2022 teatro e dança contemporânea, apresentando, no primeiro caso, “Ode Marítima”, em que a Companhia João Garcia Miguel se associa ao grupo Danças Ocultas para revisitar o poema de Álvaro de Campos e, no segundo, “Last”, uma criação dos coreógrafos São Castro e António M. Cabrita com produção da associação Play False e música ao vivo pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos.

Para Alexandre Santos, diretor da Academia, está assim em causa “uma programação eclética e distintiva”, que, abrangendo projetos com “genuinidade e qualidade artística”, procura ser “transversal e inclusiva em termos de diversidade e acessibilidade de públicos”.

Ainda em setembro, o palco da casa junta na mesma atuação a Orquestra Clássica e a Orquestra de Jazz de Espinho, que, sob a direção de William Goodchild, vão explorar o caráter sinfónico do álbum “Kind of Blue”, editado em 1959 pelo trompetista norte-americano Miles Davis (1926-1991).

Para outubro há quatro propostas, a começar pelo trio Azymuth, “verdadeira lenda da música brasileira” pela forma como fundiu jazz, funk e samba, influenciando várias gerações de artistas.

Segue-se a americana Haley Fohr, cujo mais recente disco do projeto Circuit des Yeux constitui “um apaixonante testemunho sobre a condição humana” na luta contra a pandemia de COVID-19, e depois os pianistas Luís Duarte e Lígia Madeira, que se apresentam num concerto comentado pelo maestro António Victorino d’Almeida.

No mesmo mês há ainda a performance do grupo de jazz islandês ADHD, que Alexandre Santos diz “responsável por alguma da música mais criativa feita na Europa na última década”, e depois, já em novembro, sobe ao palco a violinista americana Elicia Silverstein, que, na companhia da Orquestra Clássica de Espinho, interpretará Mozart, Joseph Bologne, Stanisław Moniuszko e Henryk Wieniawski.

Novembro faz-se igualmente com Amélia Muge, reconhecida pelo seu talento para “revisitações que vão às raízes da música tradicional, passando pelos desafios de fusão multicultural e pelas linguagens mais contemporâneas”, e com a Orquestra de Jazz de Espinho, que, para a apresentação do seu primeiro disco, convida Eduardo Cardinho para o vibrafone e José Miguel Moreira para a guitarra.

O palco dará depois lugar à australiana Lisa Gerrard, cuja carreira se fez sobretudo com Brendan Perry nos Dead Can Dance e que, numa digressão dessa dupla, começou a trabalhar com o teclista britânico Jules Maxwell. Com ele lançou em 2021 o álbum “Burn”, que terá a sua primeira apresentação mundial ao vivo em Espinho, no âmbito do ciclo itinerante Misty Fest, e promete “drama, dinâmica, texturas eletrónicas exuberantes e ritmo” – assim como sete filmes encomendados a David Daniels, Jacob Chelkowski e Michal Sosna especificamente para acompanhar o álbum.

Também em novembro e via Misty Fest, segue-se Edu Lobo e Mônica Salmaso.

No mesmo mês atua a norueguesa Jenny Hval, cujos temas mais recentes de pop eletrónica exploram igualmente mudanças ditadas pela pandemia, e o britânico Roger Eno, que, depois de se estrear na editora Deutsche Grammophon com o irmão Brian Eno, lançou entretanto “The Turning Year” e aí evoca o seu lado “mais pastoral e melodista”.

Para dezembro, além de “Last” e “Ode Marítima”, há ainda mais três espetáculos, dos quais o primeiro é com o cantor e multi-instrumentista norte-americano Michael Gira, a solo com a “visceralidade” da sua folk experimental após uma primeira parte também por outro membro da banda Swans, o guitarrista alemão Kristof Hahn.

O ano termina então com dois concertos associados ao cinema: o do trio clássico Vignette, em que piano, acordeão e violoncelo materializam composições inspiradas pela obra de Teresa Villaverde, Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, João Botelho, Pedro Costa e Sérgio Tréfaut; e o da cantora sueca Isabella Lundgreen, que, com a Orquestra Clássica de Espinho, presta homenagem à atriz Judy Garland, 100 anos após o nascimento da atriz.