Ambos os discos, que não se encontram à venda em formato físico, estão disponíveis em plataformas digitais como o Spotify, Amazon Music, Apple Music & iTunes, Bandcamp e Soundcloud. As obras também estão acessíveis no Youtube, onde podem ser vistos videoclips que o grupo considera “estranhos e originais” – como “A Maldição da Ilha do Rei Lagarto”, feito com fantoches.

O SAPO Mag conversou com um dos mentores, o guitarrista José Pedro Lopes, sobre muitas ideias estranhas, como “baladas de amor ‘zombie’” e “hinos ao ‘nerdismo’” - tudo com um sabor muito nortenho.

SAPO Mag - Queria que explicasse o conceito dos Barbosas. O humor é uma das bases, certo?
José Pedro Lopes - A banda começou como um projeto descontraído de dois amigos, Pedro Santasmarinas e José Pedro Lopes. Somos os dois do Porto e da área do cinema, apaixonados pelo punk rock e por ficção científica e terror. Trabalhámos juntos em filmes como "M is for Macho" e "M is for Mail" (para o "The ABCs of Death II") ou na longa "A Floresta das Almas Perdidas". Era um na guitarra e outro na bateria. Depressa se juntou o baixista Agostinho Santos, com os mesmos gostos e influências. Somos os três grandes 'nerds' e depressa o conceito evoluiu. Queríamos cantar em português, e queríamos que as músicas refletissem o que gostamos. Não diria que "Os Barbosas" são necessariamente cómicos, mas sem dúvida ilustram o lado parvo dos seus membros.

Também há uma proximidade com filmes de terror no vosso imaginário...
Sim, sem dúvida. Como a nossa base era punk rock "nerd" em português, fizemos músicas que homenageavam coisas que adoramos. "A Maldição da Ilha do Rei Lagarto" reinventa o livro de Ian Livinstone, da coleção Aventuras Fantásticas (onde o leitor era o herói), publicado pela Verbo nos anos 1990. "Eles vêm por ti, Bárbara" é uma balada de amor zombie à Barbara de "A Noite dos Mortos Vivos" de George A. Romero.

Porque brincam com a ideia de "fazer música para 'nerds'"?
Para além de sermos os três "nerds", as nossas músicas são um grande reflexo disso. Para além das acima citadas, que têm referências mais óbvias, todo o imaginário é 'nerd'. Em "A Cantiga da Blair" falamos sobre o jogo de cartas "Exploding Kittens" e a loja de bicicletas "A Última Loja de Bicicletas antes de Nova Iorque" (na Foz do Douro), em "Incidente do Mundo Fantasma" recuperamos uma conversa 'geek' na mítica loja do Shopping Brasília, e em "Nerd" tentamos criar um hino a esse 'nerdismo'.

Os Barbosas

E a premissa "anti-folk"?
O "anti-folk" é um registo aproximado do folk, onde as músicas têm por base histórias e a guitarra acústica) mas onde a apresentação é autodepreciativa e cómica. Ao vivo, os autores de “anti-folk” gozam consigo mesmos, uns com os outros e até com o público. Os Barbosas fazem o mesmo - as satisfações entre nós os três são tiradas no palco e são feitas confissões bizarras. Apesar da sonoridade punk rock, algumas nossas músicas começam no ukelele, como baladas que o vocalista Zé Pedro faz para o seu filho Francisco, com alguns dos seus temas favoritas. Isso justifica um pouco o lado meio infantil que o projeto parece ter.

Antes deste último EP vocês fizeram alguns concertos no Porto. Como foram, uma vez que as pessoas ainda não conheciam as músicas?
Demos dois concertos no Porto, em sítios um pouco invulgares do ciclo dos concertos mas fortes na cena da intervenção cultural: o Pinguim Café e o Maldatesta. O público reagiu muito bem - entre amigos, conhecidos e pessoas que foram surpreendidas. Como usamos o registo "anti-folk" e nos apresentamos como uma coisa descontraída, não fez diferença não conhecerem as músicas. Em fevereiro participámos num concurso de bandas em Chaves, o Vinho Folar & Rock, onde vencemos e, para nossa surpresa, muito público já tinha ouvido as músicas que tínhamos online. Um dos temas, o hino inspiracional "Virador de Frangos", foi cantado como um single dos Muse e o público estava sintonizado com a bizarria de temas como "Pixel Morto" e "A Maldição da Ilha do Rei Lagarto". Foi uma surpresa - e mostrou que se fora de casa conseguimos cativar o público, então que o projeto tinha por onde andar. O nosso principal objetivo é tocar ao vivo mais do que gravar. Os Barbosas, ou aquela banda conhecida pelos amigos como O Sindicato da Morte. é uma brincadeira de amigos, sim, mas uma onde qualquer um se pode juntar, cantar e ser "nerd" connosco.

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