Sean “Diddy” Combs vai declarar-se inocente das acusações de tráfico sexual, conspiração e promoção da prostituição, anunciou o seu advogado antes da presença da estrela do rap num tribunal de Nova Iorque esta terça-feira.

O vasto processo acusa o magnata da música de criar e administrar uma “empresa criminosa” através do seu império que, durante décadas, se envolveu e procurou envolver-se em crimes, incluindo tráfico sexual, trabalho forçado, sequestro, incêndio criminoso, suborno e obstrução da justiça.

Damian Williams, procurador dos EUA para o Distrito Sul de Nova Iorque, disse em conferência de imprensa que a investigação ainda decorre e, “pelo menos entre 2008 e a atualidade, Combs abusou, ameaçou e coagiu as vítimas a satisfazer os seus desejos sexuais, proteger a sua reputação e ocultar a sua conduta”.

Caso seja considerado culpado, pode ser condenado de 20 anos de prisão a prisão perpétua.

Combs, de 54 anos, foi preso em Manhattan na noite de segunda-feira por agentes federais, após acusações feitas por procuradores num tribunal federal.

O seu advogado, Marc Agnifilo, disse que o seu cliente “é inocente” antes de as acusações se terem tornado públicas e se tinha mudado "voluntariamente" para Nova Iorque em antecipação às acusações.

O rapper “vai lutar com toda a sua energia e todas as suas forças” para provar a sua inocência, disse Agnifilo à imprensa reunida frente ao tribunal no sul de Manhattan.

Combs é alvo de diversas queixas civis que o descrevem como um predador sexual violento que usava álcool e drogas para subjugar as suas vítimas.

Em março, duas propriedades de 'Diddy' foram alvo de buscas em Los Angeles e Miami, no âmbito de uma investigação sobre tráfico sexual, revelaram dois agentes policiais à agência de notícias Associated Press.

As buscas foram realizadas por agentes federais do gabinete de Investigações e Segurança Interna como parte de uma investigação das autoridades federais de Nova Iorque.

Em comunicado, o gabinete de Investigações e Segurança Interna (HSI, na sigla em inglês) disse apenas que “executou ações de aplicação da lei como parte de uma investigação em curso, com o apoio do HSI Los Angeles, HSI Miami e outros parceiros locais de aplicação da lei”.

Nos últimos meses, vários processos foram abertos contra o artista por alegadas agressões sexuais.

Em novembro, foi alvo de uma denúncia de violação e violência física durante anos pela cantora de R&B Casandra Venura, cujo nome artístico é Cassie.

De acordo com um documento da justiça federal de Manhattan, Combs "frequentemente deu murros, pontapés e pisões a Ventura com resultados de hematomas, lábios rebentados, olhos roxos e sangramento".

A denúncia alegou que 'Diddy' sujeitou a cantora a espancamentos selvagens, a encheu de drogas e a forçou a fazer sexo com outros homens enquanto ele se masturbava e os filmava.

O documento acusou ainda Combs de forçar a entrada na casa de Ventura e a ter violado, quando o relacionamento estava a terminar, em 2018.

'Diddy' reagiu às acusações, em comunicado, garantindo que não fez “nenhuma das coisas horríveis que estão a ser alegadas”.

Anteriormente conhecido como Puff Daddy, Combs é um dos produtores e artistas de hip-hop mais influentes das últimas três décadas e construiu um dos maiores impérios ligado a este género musical com diversas entidades ligadas ao seu nome.

Nascido Sean John Combs, a 4 de novembro de 1969, no Harlem (Nova Iorque), o artista começou na indústria musical como estagiário em 1990 na Uptown Records, da qual se tornou diretor.

Ele construiu a sua reputação como planeador de eventos, o que seria fundamental para a sua marca à medida que a sua fama cresceu.

Em 1991, promoveu um jogo de basquetebol de celebridades e um espetáculo no City College de Nova Iorque que provocou nove mortos após uma debandada.

O evento excedeu em milhares a capacidade e gerou uma série de ações judiciais, nas quais Combs foi responsabilizado pela contratação de segurança inadequada.

Demitido de Uptown, fundou sua própria editora, Bad Boy Records. Assim começou uma rápida ascensão ao topo do hip-hop da Costa Leste, juntamente com o seu discípulo, o falecido The Notorious B.I.G.

Vencedor de três Grammys, estreando-se com o single "Can't Nobody Hold Me Down" e o seu álbum "No Way Out", trabalhou com diversos outros artistas de renome, como Mary J. Blige, Usher, Lil Kim, Faith Evans, 112, TLC, Mariah Carey e Boyz II Men.

Foi um percurso em que forjou a imagem de um 'fura-vidas' impetuoso e arrogante, um importante produtor que também se aventurou em Hollywood, por 'reality shows' e pela moda, mantendo relações sentimentais, entre outras, com Jennifer Lopez.