Segundo a publicação Variety, as "preocupações com o cansaço das sagas" por parte dos espectadores "começam a ferver em Hollywood".
Apesar do impacto esmagador de "Vingadores: Endgame" (a 40 milhões de dólares de desalojar "Avatar" da liderança dos filmes que mais dinheiro fizeram nas bilheteiras a nível mundial) e do sucesso superior ao esperado de "John Wick 3", ambos entre os que receberam melhores críticas nas respetivas sagas, e ainda da versão em imagem real de "Aladdin", várias sequelas estão a desiludir nas salas de cinema há várias semanas consecutivas.
"Não basta colocar um algarismo romano no filme ou relançar apenas porque se pode", explicou Jeff Bock, um analista da conhecida empresa Exhibitor Relations.
O caso mais recente de desilusão é "MIB: Homens de Negro - Força Internacional": este fim de semana, o relançamento da saga com Chris Hemsworth e Tessa Thompson abriu com 30 milhões, enquanto os três filmes com Will Smith e Tommy Lee Jones arrancaram sempre com mais de 50 milhões e isto sem contar com a inflação (o primeiro é de 1997).
Na mesma altura, mas com menor impacto mediático, uma sequela de "Shaft" (2000) com Samuel L. Jackson só conseguiu 8,9 milhões de dólares, o que indica que não vai recuperar nos cinemas o custo de 30 a 35 milhões.
Na semana anterior, "A Vida Secreta dos Nossos Bichos 2" arrancou com 47,1 milhões de dólares nos EUA, falhando os 50 milhões das previsões já pessimistas da indústria e os surpreendentes 104,3 milhões do primeiro filme em 2016.
Já as receitas americanas de "Godzilla II: Rei dos Monstros" chegaram aos 94,3 milhões em 17 dias, finalmente ultrapassando os 93,1 milhões que o primeiro filme conseguiu... nos três primeiros dias de estreia em 2014.
Até agora, o maior desastre é "X-Men: Fénix Negra": no segundo fim de semana de exibição nas salas de cinema, conseguiu 9,3 milhões, perdendo 71,5% de espectadores em relação à estreia, que, com 33 milhões já tinha sido uma desilusão.
Para um filme que terá custado 200 milhões de dólares e precisava de 600 para o estúdio ver lucro, 204 milhões de receitas em todo o mundo (e apenas 51,4 nos EUA) confirmam a despedida sem glória da saga dos mutantes para os próximos anos no cinema (os direitos regressaram à Marvel após a Disney comprar a 20th Century Fox).
Os analistas estimam que o prejuízo nunca ficará por menos de 100 milhões, o que será um desastre comercial à dimensão da última versão de "Quarteto Fantástico" (2015).
Estes filmes também não estão a conseguir compensar as quedas nos EUA com as receitas no resto do mundo. No caso de Portugal, os números de espectadores de todos ficaram abaixo das estreias dos filmes anteriores (excluindo o inédito "Shaft", cujos direitos internacionais foram vendidos pelo estúdio à Netflix).
"O que estes filmes têm em comum é que não tiveram reconhecimento por parte dos espectadores ou dos críticos. É um golpe duplo de que é difícil recuperar", avançou Paul Dergarabedian, um conhecido analista da Comscore também ouvido pela Variety.
"Quando se tem tanto conteúdo disponível em casa, tem de se ter conteúdo muito apelativo para conseguir levar pessoas às salas de cinema", acrescentou, salientando ainda que "quando as marcas são assim tão grandes, são colocadas expectativas gigantescas nelas e com toda a justiça. São criadas porque fazem parte de uma conhecida saga. Não dá para esconder quando filmes destes [não correm tão bem como se esperava]".
Nas próximas semanas, a indústria aguarda as estreias de "Toy Story 4" e "Homem-Aranha: Longe de Casa".
Para ambos, os analistas prevêem estreias na ordem dos 150 milhões só nos EUA, o que deve apaziguar os receios em relação ao futuro das sequelas, "spinoffs" ou relançamentos de sagas. Pelo menos até à próxima desilusão...
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