Tal como em anos anteriores, o cartaz do Delta Tejo continua a apostar em artistas de países produtores de café.
E se este conceito permite que o festival se distinga dos restantes, também leva a que o seu alinhamento seja dos mais acomodados.
E, a espaços, dos mais esquizofrénicos, como o comprovam as propostas para o Palco Jogos Santa Casa de hoje (um dos três espaços para concertos): a noite arranca com o combo luso-franco-brasileiro Roda de Choro de Lisboa, passa pela folk e indie pop delicada da portuguesa Emmy Curl e fecha com o funk, hip-hop e aparentados dos Nação Zumbi (na foto acima). Estes últimos, um dos nomes fulcrais da música urbana brasileira (em particular do manguebeat), estreiam-se finalmente em Portugal já sem o seu fundador, Chico Science, falecido há mais de uma década.

Um pouco menos contrastante, o cartaz do Palco Delta sugere os Buraka Som Sistema, num período em que voltaram aos concertos (e, quem sabe, talvez juntem ao desvario habitual temas novos além do single "Restless); a música brasileira camaleónica de Carlinhos Brown ou o reggae dos conterrâneos e mais veteranos Natiruts. Para o final guarda-se Shaggy e o jamaicano nem sequer precisa de trazer álbum novo: hits como "Boombastic", "Oh Carolina" ou "In the Summertime" deverão chegar para amparar uma actuação que, em vez de café, poderá ganhar com álcool à mistura.

No Beck'Stage, o palco que abre e fecha mais tarde, os Nu Soul Family abrem a pista com house que faz vénias à pop e os Expensive Soul prometem deixar muitos a cantar "O Amor é Mágico" (e alguns a dançar outros dos seus temas novos, como o rock escaldante e imaginativo de "Sara").

Ao longo do fim-de-semana o cartaz volta a insistir no lema do vale-tudo, ainda que sem grandes novidades. Pelo Alto da Ajuda vão passar nomes como Nneka, Ana Moura, Os Mutantes ou Ana Carolina, no sábado; e Martinho da Vila, Cacique'97, Quantic and His Combo Bárbaro ou Batida, no domingo. E quem nem sempre gostar do que ouve pode entreter-se com a roda gigante ou a montanha russa. Ou, claro, parar para beber um café.

@Gonçalo Sá

Buraka Som Sistema em 2 minutos:

@Frederico Batista