“O tom do texto é de uma nostalgia corrosiva por um tempo perdido e por uma ideia de país que se esfumou, reportando-se à época do pós-guerra” [1939-1945]", afirma o Teatro Nacional.

A crítica do dramaturgo inglês incide sobre “os Rice, uma família de artistas de variedades, liderada pelo extravagante ‘animador’ Archie Rice”.

“A decadência do musical, as tentativas de sobrevivência e o anacronismo poético da família Rice aparecem, assim, como um sinal da falência de um país e do seu património cultural”, remata o TNDM.

A peça, segundo a mesma fonte, aborda o sentimento dos “ingleses do pós-guerra [que] lamentavam o desaparecimento da noção de império, de Inglaterra-Mãe, então perdida num mundo bipolarizado entre as superpotências Estados Unidos e da União Soviética”.

“A decadência do musical, as tentativas de sobrevivência e o anacronismo poético da família Rice aparecem, assim, como um sinal da falência de um país e do seu património cultural”, afirma o TNDM.

“Por cá, sabemos bem o que isso é — ver um país a desaparecer”, afirma no mesmo comunicado o encenador Gonçalo Amorim, que, nesta coprodução do TNDM com o Teatro Experimental do Porto, “procurou criar um inquietante momento de reflexão”, afirma a sala lisboeta.

A peça “O animador”, de John Osborne (1924-1999), foi traduzida por João Alves Falcato, enquanto Rui Pina Coelho assina a versão cénica, a cenografia e figurinos são de Catarina Barros, a luz de Francisco Tavares Teles e a música de The Legendary Tigerman.

O elenco é constituído por António Júlio, Iris Cayatte, João Pedro Vaz, Manuel Nabais, Maria do Céu Ribeiro e conta com a participação de Paulo Furtado. A peça está em cena na sala principal do TNDM até ao próximo dia 20.

Na próxima sexta-feira, a partir das 16:00, Paulo Furtado (The Legendary Tigerman) toca no exterior do TNDM, na parte lateral virada para o largo de S. Domingos, num concerto no qual o músico e os atores de “O animador” vão apresentar excertos da peça.