A nova peça, um monólogo que junta a mitologia grega aos absurdos do quotidiano, do mundo interligado e do Brasil, estreia-se em Lisboa no dia 28 de novembro no Tivoli e passa depois por Braga (30 de novembro no Espaço Vita), Caldas da Rainha (1 de dezembro, no Centro Cultural e de Congressos), no Porto (2 de dezembro, no Teatro Sá da Bandeira), e Estarreja (3 de dezembro, no Cineteatro de Estarreja), regressando novamente a Lisboa, no dia 4 de dezembro.

O humorista brasileiro - crítico do governo do Brasil e de Jair Bolsonaro - irá apresentar um novo monólogo trágico-cómico, escrito pelo próprio com Vinícius Calderoni, já estreado no Brasil.

Com direção de Vinícius Calderoni, o espetáculo é inspirado em Sísifo, personagem da mitologia grega que é condenado pelos deuses a carregar diariamente a sua enorme pedra às costas montanha acima apenas para vê-la rolar para baixo, e começar tudo de novo.

Segundo a produção, o texto, para maiores de 12 anos, "relaciona a mitologia grega ao caótico mundo globalizado e interligado, sem esquecer o Brasil dos memes".

"Há uma célebre frase de Marx que diz que a história acontece primeiro como tragédia, depois como farsa. Ao dissecar o Brasil contemporâneo, os autores pretendem acrescentar como hipótese um terceiro desdobramento: a história acontece primeiro como tragédia, depois como farsa e por fim, como um meme?", segundo o texto divulgado.

Ator, escritor e guionista, Gregorio Duvivier é um dos criadores do “Porta dos Fundos”, o maior canal de ´sketches´ do Brasil e um dos cinco maiores do mundo, com quase 15 milhões de inscritos e mais de 850 ´sketches´ filmados.

Esta semana, em entrevista à agência Lusa no Rio de Janeiro, o ator comentou a situação política no Brasil, criticando a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia (UE), por "patrocinar o fascismo" do Governo brasileiro, através da firmação de acordos comerciais.

"Acho que a comunidade internacional tem como ser muito mais exigente. É um absurdo chamar um sujeito de fascista e ‘ecocida’ [que causa destruição intencional num ecossistema ou comunidade] e continuar a comprar soja dele. Será que não entendem que o que causa desflorestação é a [produção de] soja, que é a política ruralista de Bolsonaro que acaba com a Amazónia? Então, você vai continuar a fomentar a política ruralista, apenas criticando a figura do Presidente?”, questionou Duviver, acrescentando que “não faz o menor sentido”.

Apesar de o artista brasileiro considerar Bolsonaro o "grande vilão" responsável pelos problemas ambientais que o Brasil hoje enfrenta, como os incêndios na Amazónia, ou as contínuas manchas de petróleo nas águas do nordeste do país, Duvivier frisa que o chefe de Estado tem "grandes parceiros internacionais, e um deles é a União Europeia".

Gregório Duvivier aproveitou a entrevista à Lusa para apelar à Europa que não firme acordos comerciais com o país sul-americano, sem que esses impliquem obrigações ambientais e democráticas.

Duvivier declarou ainda que os políticos da extrema-direita devem ser colocados "no ridículo a que eles pertencem".

Gregório Duvivier entrou no teatro aos 9 anos no Tablado, no Rio de Janeiro, e aí criou o espetáculo “Z.É. - Zenas Emprovisadas”, que ficou 12 anos em cartaz, e ganhou o prémio Shell em 2004.

Na televisão, atuou em “Junto e Misturado” (Globo), “O Fantástico Mundo de Gregório” (Multishow) e “Portátil” (Comedy Central), série nomeada para o Emmy Internacional 2017.

No cinema, fez parte do elenco de “Podecrer” (2007), “Apenas O Fim” (2008), “5x Favela - Agora Por Nós Mesmos” (2010), “A Deriva” (2012), “Vai que Dá Certo” (2013), e “Desculpe o Transtorno” (2016).

Colunista da Folha de S. Paulo desde 2013, é autor dos livros “A Partir de Amanhã eu Juro que a Vida Vai ser Agora”, “Ligue os Pontos”, “Put Some Farofa”, “Caviar É Uma Ova” e “Percatempos”. Em 2017, estreou o programa de humor político “Greg News”, na HBO, que ganhou o prémio de melhor programa de Humor da Associação Brasileira de Roteiristas.

Vinícius Calderoni nasceu em 1985, em São Paulo, e tem desenvolvido sua carreira entre o teatro, a música e o audiovisual, e, em 2010, fundou, com Rafael Gomes, a companhia Empório de Teatro Sortido.

Também escreveu os espetáculos infantis, e, como ator, integrou o elenco da novela “Deus salve o rei” (TV Globo) de Daniel Adjafre, e participou nas longas “Mãe só há uma” (2016) de Anna Muylaert, “Um namorado para minha mulher” (2016), de Júlia Rezende.