Considerada uma das mulheres mais «sexy» do mundo,
Kate Beckinsale tem uma carreira que oscila entre papéis dramáticos e heroínas de ação, geralmente em fitas realizadas our produzidas pelo seu marido
Len Wiseman, como a série
«Underworld» ou na nova versão de
«Desafio Total», em que interpreta Lori, a mulher do protagonista
Colin Farrell, que afinal revelará ser uma agente com a missão de o ludibriar e, mais à frente, de o eliminar.

Heroína ou vilã?

«Acho que gosto mais de ser a má da fita, para ser sincera, pelo menos neste filme, porque acabou por ser uma mudança de registo muito grande. Como vilã, não tive grande responsabilidade em termos de exposição, era a má e pronto, não tinha de me preocupar se o público estava do meu lado ou não. Foi bastante mais libertador.»

A escolha do papel

«Quando o Len começou a trabalhar no filme, ainda na fase do argumento, ele disse-me «tenho-te em mente para o papel da esposa cabra». Ao que eu lhe respondi, «isso é muito insultuoso, f*** you too». E depois, aquilo evoluiu, e quando a data de rodagem foi fixada, eu já me tinha comprometido com o
«Underworld 4» e não ia estar disponível. Mas o Len disse-me que queria mesmo que eu estivesse no filme e propôs-me o papel da mulher das três maminhas. E eu pensei «ok, eu gosto muito de ti e de trabalhar contigo, mas isso já me parece um pouco esquisito». Mas depois houve uma nova alteração na data de rodagem e o estúdio ligou-me a dizer «acabámos de adiantar a rodagem do «Desafio Total», vai ser muito apertado mas agora é possível. Ainda queres fazer o papel da Lori?» E acabei por ter quatro dias de folga entre o «Underworld 4» e o «Desafio Total».

De dramas da época a «action-girl»

«Eu comecei por ser atriz em Inglaterra e os papéis que fazia eram todos de época, porque era o que se estava a fazer lá naquela altura. Nem sequer tinha pensado muito na América, pelo menos como sítio para viver permanentemente. E ia lá aos EUA a reuniões e as pessoas diziam que eu era muito delicada e que me viam sempre com um chapéu de época. E como eu não queria ficar presa àquele tipo de filmes, aceitei mal me ofereceram o «Underworld - O Submundo», como forma de fugir àquela imagem. E funcionou de tal maneira que agora a imagem de heroína de ação se me colou à pele.»

A personagem de Lori

«A minha personagem é essencialmente uma operativa de alto nível, muito boa naquilo que faz, que está a ludibrir o Colin Farrell e depois o persegue implacavelmente. E o facto de estar a interpretar alguém que também está a representar é muito interessante. E para mim é um bónus poder falar com o meu sotaque inglês normal, porque as pessoas estão tão habituadas a ouvir-me com sotaque americano que já se esquecem que eu nem sou americana.»

As cenas perigosas de «Desafio Total»

«Houve um deslizar de joelhos para um elevador que foi muito «cool». E gostei de saltar através do vidro e do facto da minha personagem ser imparável, um pouco como o «Exterminador Implacável». Mas nós nunca nos magoamos nas cenas mais difíceis porque está tanta gente à nossa volta a preparar tudo, que é muito difícil acontecer alguma coisa que não esteja prevista. O pior geralmente acontece em coisas mais simples, como ir a correr com uma arma na mão, cair e depois magoar-me mas não querer dizer nada a ninguém por ser embaraçoso.»

A preparação física

«Nunca me preparei tanto como para o primeiro «Underworld», porque cheguei ao filme sem nada, sem nenhum tipo de técnica ou de prática. Esse foi a revolução para mim, e os filmes seguintes foram uma continuação menos penosa. Mas todas as fitas desse tipo são precedidas de umas três ou quatro semanas de treino e de ginástica. E isso psicologicamente põe-me no ponto certo. E não tive isso no «Desafio Total» mas tive a rodagem toda do «Underworld 4» que serviu para o mesmo efeito.»

Diferenças e relação ao primeiro «Desafio Total»

«Uma diferença em relação ao
primeiro filme é que o
Arnold Schwarzenegger e a
Sharon Stone, que tinham os papéis correspondentes ao meu e ao do Colin, tinham um casamento muito «sexy» e feliz, em que os espetadores até se perguntavam «mas porque é que ele há de querer ter uma experiência em Marte quando tem aquilo tudo em casa». No nosso filme, mostramos duas pessoas que ainda se amam mas que estão desiludidas com a vida, que esperavam mais e que vivem numa zona degradada, o que facilita a ideia dele querer viver outra vida.»

Beijos à frente do marido

«Estou tão habituada a isso que já não me faz confusão. Acho que no «Desafio Total» se tornou mais desconfortável pelo facto da minha cena a acordar com o Colin Farrell ter sido rodada no meu primeiro dia de rodagem. Foi do estilo «olá, como estás? Sou a Kate» e e a seguir temos uma cena na cama a acordar e aos beijos. Já não é tão estranho para mim ou para o Len, é mais para a terceira pessoa.»

A melhor interpretação

«A minha melhor interpretação está provavelmente num pequeno filme chamado
«A Verdade é Só a Verdade», que ninguém viu e que eu fiz com o
Rod Lurie, mas infelizmente a produtora faliu e o filme nunca teve estreia comercial. Deus tende a manter-me humilde. Fiz um filme chamado
«Anjos na Neve» com o
Sam Rockwell de que também gostei muito.»

Veja aqui a entrevista do SAPO ao realizador Len Wiseman e não perca nos próximos dois dias as entrevistas a Colin Farrell e a Jessica Biel